O artista acorda, pensa no desenho, produz e dorme. Ou não, se não tiver inspiração. Mas como funciona esse processo? O artista plástico joinvilense Anderson Alberton, 32 anos, resolveu colocar em prova essa questão e, durante 45 dias de 2011, produziu um desenho por dia.

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As obras que sairam deste estudo estarão expostas a partir desta quarta na exposição “Diários Desenhados”, no Anexo 2 da Cidadela Cultural Antarctica.

Os 45 desenhos dividirão espaço com obras de dois artistas joinvilenses com nome já gravado na história da cidade: Antônio Mir, 62 anos, e Mário Avancini, morto em 1992, cujas obras integram a exposição “Memórias de um Acervo”.

Para Alberton, é a primeira exposição individual da carreira. Formado em artes visuais pela Univille, ele já participou de duas Coletivas dos Artistas Joinvilenses (em 2005 e 2010) e do Salão dos Novos, em Blumenau, em 2002. Neste trabalho, ele mostra o lado mais abstrato de suas obras.

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– São formas geométricas complexas, que não tem emendas, elas se completam -, conta ele.

Durante os 45 dias seguidos em que ele trabalhou em cima dos desenhos, houve momentos em que a inspiração falava mais alto, em outros, a base era a transpiração. Enquanto algumas obras levaram apenas duas horas para serem concluídas, ele recorda de outras nas quais passou o dia inteiro trabalhando.

– Eu queria ver como seriam as inspirações diárias e agora as obras falam muito sobre mim e como me sentia naquele dia -, afirma Alberton.

A exposição “Diários Desenhados” não termina nesta série de desenhos. Acostumado a fazer vídeo-arte, Alberton registrou as seis horas que passou pintando o chão do Anexo 2 da Cidadela e transformou em um vídeo de três minutos, que também será exibido na exposição.

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No outro lado do biombo, esculturas e metais se chocam ao mesmo tempo em que dialogam com os trabalhos do jovem artista. Vinte obras das séries “Ciclista” e “Vaso com Flores”, que Antônio Mir produziu entre 1990 e 1991, discutem o slogan “Joinville, cidade das flores e das bicicletas”, enquanto Avancini debate questões ambientais em seis esculturas da série “Ecologia”, esculpidas de 1989 a 1991.

– Todas as obras discutem Joinville. A de Alberton é sobre o percurso que Joinville nos proporciona e aquele que fazemos na cidade durante nosso dia. Mir alinha suas obras ao velho slogan joinvilense e Avancini, em sua última série, discute ecologia em Joinville – ele foi um dos primeiros artistas de Joinville a fazer isso -, avalia o curador das exposições e coordenador do Museu de Arte de Joinville, Carlos Alberto Franzói.

Nesta quarta, às 19h30, Alberton aproveita a abertura da exposição para um bate-papo com o público.

SERVIÇO

O QUÊ: “Memórias de um acervo: Antônio Mir e Mário Avancini” e “Diários Desenhados”, de Anderson Alberton.

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QUANDO: de 25 de janeiro a 4 de março, com visitação de terça a sexta-feira, das 9 às 17 horas, e aos sábados, domingos e feriados, das 12 às 18 horas. Visitas monitoradas para grupos podem ser agendadas no (47) 3433-4677.

ONDE: Anexo 2 da Cidadela Cultural Antarctica, na rua 15 de Novembro, 1.383, América.

QUANTO: gratuito.