Pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) pretendem usar drones para monitorar áreas de plantação de bracatinga, árvore nativa brasileira e com alto valor ambiental e comercial. O mel de melato, que tem Indicação Geográfica (IG), é um dos produtos mais conhecidos dessa planta.

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A bracatinga é uma espécie nativa e espontânea, por isso as plantações costumam ser de cultivos antigos. Pensando nesta e em outras características desta planta, os pesquisadores da Epagri e da Estação Experimental da Epagri em Lages iniciaram a prospecção do uso dos drones nos bracatingais.

Experimentos com esta planta são conduzidos na Fazenda Experimental da Epagri em São José do Cerrito. Lá, são conduzidos experimentos com bracatinga, para traçar ações envolvendo a coleta, sistematização e análise de dados obtidos por sensores embarcados em drone, com aplicação no manejo da espécie. O projeto de pesquisa ainda depende de aprovação do edital Mulheres na Pesquisa, da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc), e será iniciado caso seja aprovado.

Cristina Pandolfo, pesquisadora da Epagri/Ciram que deve coordenar o projeto caso seja aprovado, explica que a ação busca gerar métricas estruturais da bracatinga. Assim, por meio da pesquisa, será possível propor métodos de avaliação que permitam reduzir a necessidade de medições, tornando os inventários mais eficientes e operacionais.

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Na primeira etapa, o estudo vai estimar o volume da madeira e acompanhar o desenvolvimento do bracatingal da Fazenda Experimental. Para isso, serão usados índices de vegetação obtidos em experimentos desenvolvidos pela Estação Experimental da Epagri em Lages.

Em seguida, serão obtidos parâmetros ajustados localmente, incluindo informações sobre a geometria das plantas. A próxima etapa será o desenvolvimento de uma metodologia para aplicação em povoamentos de ocorrência espontânea e de plantas ou agrupamentos de plantas nas bordas de matas, lavouras ou locais nas pastagens de difícil acesso para o gado.

Trabalho de medição manual é um desafio

Tássio Dresch Rech, pesquisador da Estação Experimental da Epagri em Lages, relata que o trabalho de medição manual da bracatinga é cansativo, pesado, e muitas vezes perigoso. Isso porque a ocorrência natural desta planta é, muitas vezes, em terreno muito irregular, de difícil acesso, o que dificulta a chegada de equipes com equipamentos.

— Nem sempre se consegue um bom trabalho ou equipe para executar, pois a segurança para a atividade pode ser precária — afirma.

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O pesquisador entende que o uso das tecnologias com drones facilitaria esta medição. O desenvolvimento de um algoritmo ou um aplicativo que permita quantificar volume, presença, e até a condição de a árvore estar ou não com cochonilha ou fumagina, “seria um sonho”, afirma Tássio.

Segundo ele, quando estiver em uso, a tecnologia proporcionará uma redução de trabalho, custos e risco.

— Esse trabalho que a equipe do Ciram faz, capitaneado pela pesquisadora Cristina, é muito importante para nós — pondera, acrescentando que uma tecnologia como essa poderia auxiliar apicultores a alocar melhor seus enxames e aproveitar mais as produções de pólen, néctar e melato da bracatinga.

O que é o mel de melato

Segundo a Epagri, o mel de melato da bracatinga é produzido pelas abelhas a partir do líquido açucarado que um inseto chamado cochonilha produz quando se alimenta da seiva da bracatinga. Esse fenômeno ocorre em regiões como o Planalto Sul brasileiro.

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