A Drag Suzaninha, uma das mais importantes artistas do cenário LGBTQIA+ de Florianópolis, teve o pedido de entrega da medalha Jenifer Celia Henrique rejeitado pela Câmara de Vereadores nesta segunda-feira (15). Além dela, a Casa das Feiticeiras, considerada a primeira casa de Vogue do Sul do país, também teve a honraria negada por parlamentares durante a sessão.

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O Projeto de Resolução nº 02500/2022 foi apresentado em 2022 por Marquito (Psol), enquanto ele era vereador do município — ele deixou o cargo no início de 2023 após ser eleito deputado estadual. A medalha Jennifer Celia Henrique foi criada em 2019 e tem como objetivo homenagear pessoas LGBTQIA+ ou defensoras da diversidade sexual e de gênero em diferentes áreas do município. O nome faz referência a uma travesti, conhecida nas lutas sociais em Florianópolis, que foi morta a pauladas em 2017.

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Na justificativa, Marquito alegou que Suzaninha é um dos mais importantes nomes da cultura da capital catarinense. Interpretada pelo ator Arthur Gomes, a drag se apresenta em eventos e em espaços culturais. A artista, inclusive, abriu o show de Gilberto Gil — que também teve uma medalha negada pelos vereadores em março — durante o Festival Saravá, em janeiro.

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O pedido de entrega da medalha foi lido nesta segunda-feira no plenário. Apesar de ter recebido 11 votos favoráveis e cinco contrários, a resolução foi negada. Isto porque era necessário, no mínimo, o apoio de 12 parlamentares.

Também na sessão foi negada a honraria à Casa das Feiticeiras, considerada a primeira casa de Vogue do Sul do Brasil. Ela recebeu nove favoráveis e sete contrários. O projeto também foi apresentado por Marquito durante o mandato.

Já o vereador Claudinei Marques (Republicanos), vice-presidente da Câmara, alegou que é contra a medalha e, por isso, “toda a matéria que vir com essa medalha vai ter o meu voto contrário”.

— Essa é a minha posição — alega.

Nas redes sociais, Suzaninha lamentou a rejeição das honrarias. Segundo a personagem, houve um “total desrespeito com tudo que fazemos para resistir dia após dia num estado como Santa Catarina”.

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“Deixo aqui meu repúdio a essa sessão e o descaso com nossa luta, que não é de hoje. Jenifer, brigaremos até o fim para que nós LGBTQIAPN+ tenhamos acesso a medalha que leva seu nome e não deitaremos para a lgbtfobia institucionalizada”, diz a publicação.

Procurada, a Câmara de Vereadores informou que não irá se manifestar sobre o caso porque “o plenário é soberano nas decisões”.

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