Lá se vão 12 anos. Tempo suficiente para André Lucas Alves de Oliveira nascer, se desenvolver, aprender a ler, escrever e sonhar em ser um grande jogador de basquete. Quando o garoto, hoje jogador das categorias de base do basquete de Blumenau veio ao mundo, em 2004, a cidade disputava pela última vez uma competição em nível nacional. Não foi o melhor dos resultados, é verdade, com a última colocação entre os 16 clubes participantes, mas marcou o fim de uma época de ginásios lotados e torcida fervorosa para ver a bola laranja quicando.
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De lá para cá Blumenau passou por uma fase de transição, chegou ficar 10 anos sem conquistar o título do Campeonato Catarinense, viu Joinville despontar como a cidade do basquete no Estado e teve de se reestruturar. Trabalho esse que se consolidou em 2014, com o título mais importante de Santa Catarina e que se estende até hoje com a gestão de Sérgio Carneiro. Coincidências à parte era justamente Serjão – apelido carinhoso do atual presidente da Associação de Pais e Amigos do Basquete – o comandante no banco de reservas daquela última participação nacional.
Uma dúzia de primaveras após aqueles 30 jogos do então “Campeonato Nacional”, o basquete blumenauense vai voltar ao cenário nacional. Após colocar a casa em ordem, pagar dívidas, reformar o ginásio do Ipiranga e torná-lo um centro de treinamentos, chegou a hora de dar um passo mais largo. E esse passo foi dado. A equipe confirmou no início desta semana a participação na Liga Ouro, organizada pelo Novo Basquete Brasil e considerada a segunda divisão do NBB. Uma largada para o, quem sabe, retorno à elite do basquetebol em breve.
Naquele time de 2004, estavam Vinícius, Edmundo, Márcio, Mineiro, Marcos, Rogério, João, Paulão, Antônio, Gaúcho e um “baixinho” de 1,85m de altura: Charles Byrd. O armador camisa 6 que chutava bolas de três como quem arremessa lances livres hoje está longe – muito longe – de Blumenau. Mora em Amarillo, no Texas, Estados Unidos e é agente penitenciário. Mas daquela equipe muitos ainda seguem em Blumenau, embora tenham seguido caminhos um pouco diferentes. Rogério, por exemplo, é instrutor de uma academia. O ex-ala da antiga Urb/Adeblu, hoje com 32 anos, dá dicas aos jovens que no ano que vem vão representar em nível nacional as cores da cidade:
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– Se eu pudesse falar algo para eles, diria para aproveitarem a vitrine que terão pela frente. É a o momento para eles aparecerem.
Outro que estava em quadra naquele 5 de maio, última vez que Blumenau jogou pelo Nacional, foi João Caetano, filho do técnico do basquete feminino João Camargo Neto. Na época ele era tão jovem quanto muitos que hoje integram o elenco da Apab e atuou 32 minutos na derrota para Uberlândia-MG por 82 a 63. Juventude nunca foi um empecilho para o jogador que encarava a sua terceira participação em um campeonato daquele porte:
– Escolhi sair de Ribeirão Preto, na época, justamente para vir jogar por Blumenau. Foi uma oportunidade que eu tive e não deixei passar. O pessoal não pode permitir que essa chance escape.
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Reforços a caminho
Neste ano, apenas quatro clubes participaram na Liga Ouro, o que facilitou o caminho do Vasco, campeão, que ascendeu à elite do basquete no Brasil. Para o ano que vem essa trajetória rumo ao NBB deve ser um pouco mais difícil, com pelo menos oito clubes em busca do acesso e, por isso, Blumenau precisa ir atrás de contratações. Segundo Serjão, presidente da Apab, não adianta participar de uma competição desse nível sem que haja um elenco que bata de frente com as outras equipes. Por isso a ideia da diretoria e ir atrás da contratação de um ala, um pivô e um armador (que provavelmente será um norte-americano que está atuando por Xaxim) para compor o grupo.
– Reforçar é necessário, até porque os jovens jogadores que estão por aqui hoje precisam de um suporte de atletas com mais experiência – explica Serjão.
Pra participar da Liga Ouro, Blumenau receberá R$ 100 mil da Federação Catarinense de Basketball. A entidade ainda pagará todas as passagens em viagens para fora do Estado. Todo esse valor se junta aos parceiros da iniciativa privada para fechar um orçamento de R$ 500 mil para a competição – valor exigido pelo NBB. A competição deve começar em janeiro de 2017, dando uma vaga para a elite do basquete no Brasil.
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