Quem joga, como joga, o jogador perigoso e os caminhos até o gol. Essas e outras informações que serão repassadas pelo técnico Tite aos atletas da Seleção Brasileira na preleção do segundo jogo da Copa do Mundo da Rússia começaram a ser coletadas em setembro, e em Florianópolis. Coordenador do Núcleo de Inteligência do Futebol (NIF) do Avaí, o analista de desempenho Ricardo Henry recebeu o chamado, dividiu tarefas entre os colegas do setor e passou à comissão técnica verde e amarela um raio-x sobre a Costa Rica, a equipe que mede forças com o Brasil às 9h (de Brasília) desta sexta-feira, em São Petersburgo.

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A iniciativa da CBF distribuiu adversários da Copa do Mundo, por sorteio, aos analistas dos times da Série A do Brasileirão do ano passado. O Avaí recebeu a missão de acompanhar a Costa Rica, que apareceria no grupo da Seleção. Em meio à missão, Ricardo Henry foi à Europa, em março, acompanhar amistosos do adversário e durante a semana de preparação na Granja Comary apresentou tudo à comissão técnica canarinho – e com o “dever de casa” de repassar informações específicas colhidas da atuação da Costa Rica nos jogos pré-Copa e na estreia, a derrota para a Sérvia.

Um trabalho que envolveu Ricardo Henry, que agora conhece bem cada um dos 23 costarriquenhos. A satisfação, porém, só será plena com a vitória nesta sexta-feira.

– Se der uma zebra, se o Brasil perde, acontecer algo, eu estou “morto”. Vão nos sacanear, por um clube que disputa a Série B ter analisado uma seleção da Copa do Mundo. O pessoal acha que porque foi analisado é obrigado a ganhar, mas do outro lado também analisam. O futebol é cheio de variáveis imprevisíveis. Um frango do goleiro, um gol contra, não entra na análise, não tem como prever.

Confira abaixo os perigos e fragilidades da Costa Rica. 

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Perigoso – Marco Ureña
O centroavante de 28 anos pretende incomodar Thiago Silva e Miranda. Com 1,79m, deve ser o alvo das muitas ligações diretas. “Ele não desce para a marcação, vai até o círculo central no máximo, pronto para o contra-ataque. Ou está entre os zagueiros quando a bola é alçada, é a chance dele. Fica esperando para brigar com os marcadores. Se tiver apertado, a bola vai nele e tenta ganhar para ir até o gol. Se fizer falta, é bola parada para colocar na área”, explica Ricardo Henry.

Costa Ricas goalkeeper Keylor Navas tries to save a shot during the Russia 2018 World Cup Group E football match between Costa Rica and Serbia at the Samara Arena in Samara on June 17, 2018. / AFP PHOTO / Fabrice COFFRINI / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - NO MOBILE PUSH ALERTS/DOWNLOADS
Foto: Fabrice COFFRINI / AFP

Goleiro – Keylor Navas
Goleiro do Real Madrid, o jogador de 31 anos é o melhor jogador da equipe, segundo o analista. “Quando o atleta é bom, na hora que vale e precisa aparece. Deve defender bastante, estará seguro na partida. O tiro vai ter que ser certo para o gol, não pode ser finalização mais ou menos”.

Pensador – Bryan Ruiz
O meia de 32 anos é o terceiro melhor depois Ureña e Navas, é o mais criativo da equipe. “Tem muita habilidade, mas não tem tanta mobilidade. Se for marcado, não necessariamente de forma individual, a Costa Rica terá muita dificuldade”, aponta Henry. Jogador de visão ampliada mas que vai tende a ser problema para seu time no segundo tempo: “Ele e (volante Celso) Borges começam e ir e voltam de táxi, marcam só com o olho. Há essa dificuldade pelo time ser envelhecido, o que não ocorria na Copa passada”.

Esquema – Começo fechado
Como é um time que não consegue virada no placar e precisa da vitória para ter alguma chance de avanço, a expectativa do analista é que a Costa Rica tente segurar o zero no primeiro tempo e, se conseguir, se abra para tentar a vitória na segunda etapa. “Acredito que vai ficar muito fechada no primeiro tempo, apostando apenas na bola parada, pelos jogadores altos que tem, bons ofensivamente e defensivamente”. O esquema 5-4-1 pode virar 4-2-3-1 ou 4-1-4-1. Uma das alternativas para a Seleção, independente do esquema, é pelos lados, seja na marcação dos laterais ou jogando nas costas deles. “Eles não têm tanta velocidade para voltar, têm dificuldade. Isso pode causar um efeito dominó na equipe. Quando começam a sair para jogo, vão se desorganizando e deixando buracos, se desmontando”, explica Henry.

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Proposta – Ligação direta
O conjunto costarriquenho não tem grande capacidade de sair jogando. Por isso, Ureña é o principal nome da ofensiva, esperando a bola. Pará-lo com falta também agrada os jogadores comandados pelo técnico Óscar Ramirez, porque é chance de colocar a redonda na área. “É o que mais vão tentar fazer, porque não têm habilidade de tocar, sair jogando. Todos os jogos que vi tiveram dificuldades”, comenta.

Fique de olho
1
. Segunda seleção mais velha (média de idade) da Copa
2
. Quando começam perdendo, não conseguem virar (10 últimos jogos). No máximo, consegue empate.
3. Dificilmente tomam virada. Só ocorreu no último jogo das Eliminatórias, com time reserva contra o Panamá, e contra a Bélgica, “em que saíram na frente por acaso”, justifica o analista.

Foto: Arte DC