Donos de imóveis que estavam disponíveis para locação em Belo Horizonte durante a Copa das Confederações esperam ter mais sorte no ano que vem, na Copa do Mundo de 2014. Proprietários reclamaram dos jogos de menor apelo disputados no Mineirão, o que provocou a baixa demanda pelos imóveis, que ficaram vazios.

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O comediante e empresário Diógenes Alcantara anunciou em sites especializados uma cobertura de 170 metros quadrados. Antes do evento disse que pretendia atrair o turista pela comodidade e proximidade do estádio. Agora, Alcântara aposta no Mundial para locar o apartamento.

– Para a Confederações recebi contatos, mas não consegui alugar porque os jogos não ajudaram. O sorteio da Fifa colocou para Belo Horizonte partidas de times fracos, sem apelo. Para a Copa estou esperançoso. Já tenho uma lista de reservas para holandeses, ingleses e até brasileiros, grupos que prometem se hospedar em sequência – contou.

O comediante vai cobrar US$ 150 por pessoa, com mínimo de ocupação de quatro pessoas:

– Se forem 12 pessoas, poderão ocupar a cobertura toda. Tem hotel em Belo Horizonte que vai cobrar US$ 300 a diária, um absurdo.

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O escrevente judicial Daniel Chaves também anunciou o apartamento de 65 metros quadrados, dois quartos, próximo ao Mineirão.

– Não houve procura – resumiu, revelando que já recebeu sondagens para o período do Mundial.

Outro imóvel que ficou vazio na Copa das Confederações pertence a uma empresa de eventos da capital mineira, que tem clientes em outros Estados. A casa de mil metros quadrados na orla da Lagoa da Pampulha não recebeu ofertas de locação.

– Nosso foco é o atendimento a empresas, já que a casa é de perfil comercial. Alugamos para festas, eventos, instalação de estruturas, mas não conseguimos locar. Para o ano que vem, já temos sondagens. Os donos de uma indústria de São Paulo já vieram aqui, visitaram o imóvel, então acho que conseguiremos fechar – explicou uma das funcionárias da empresa, que pediu para não ter o nome divulgado.

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Protestos

A Confederação Nacional do Turismo (CNTur) estimava que 60 mil pessoas viriam visitar a cidade durante a Copa das Confederações. Como a capital mineira tem atualmente 18 mil leitos de hotéis, os imóveis particulares poderiam ter sido a válvula de escape para evitar um caos no setor, o que não ocorreu.

Para o presidente do Sindicato de Hotéis de Belo Horizonte (SindHorb), Paulo César Pedrosa, as manifestações nos dias de jogos e os jogos de seleções com pouco apelo impediram que os hotéis tivessem a ocupação total.

– A taxa de ocupação foi de razoável para boa porque além dos jogos tivemos o movimento normal corporativo, de executivos e funcionários de empresas, o que é comum para Belo Horizonte, que tem a vocação de uma cidade de negócios. Agora, para a gastronomia, principalmente, os protestos atrapalharam bastante. Houve uma retração de 30%, já que os estabelecimentos ou não abriam ou fechavam mais cedo, por medo dos baderneiros. Isso prejudicou muito – contou.

Mais prejuízos

Lojistas de Belo Horizonte também demonstram preocupação e, segundo levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), não esperam resultado positivo para o setor durante a Copa. De acordo com uma pesquisa realizada com 200 empresários no período de 6 a 14 de agosto, 54,55% dos entrevistados têm expectativas negativas de vendas para o Mundial. Para 16,08%, a realização do evento não afetará as vendas, e 29,37% acham que o resultado será positivo.

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Para o presidente da CDL-BH, Bruno Falci, a expectativa negativa dos empresários é resultado do faturamento durante a Copa das Confederações.

– Poucos segmentos lucraram com a Copa das Confederações. E muitos perderam vendas em função do grande número de manifestações na capital mineira, que levaram muitos comerciantes a fecharem as portas – disse.

Perguntados sobre qual é o percentual esperado de perda durante a Copa do Mundo, 76,55% dos entrevistados acham que será de até 40%. O levantamento apontou ainda que, para 46% dos empresários, a vinda da Copa das Confederações para o Brasil atrapalhou muito no ritmo de vendas. Já 23,33% acham que atrapalhou um pouco; 20,67% acham que não fez diferença; 6% já acham que ajudou um pouco no ritmo de vendas e apenas 4% acham que ajudou muito.