O sol apareceu e trouxe um bom número de veranistas à praia da Joaquina na tarde deste domingo (19). Um dos restaurantes mais movimentados era o Maurílio. Os turistas que comem ali mal sabem que o local pode ser demolido por uma decisão judicial. Não só o Maurílio, mas outros três que ficam na praia. A decisão está suspensa temporariamente, mas o dono do local, Mauri Maurílio Nunes, de 57 anos, está confiante que terá uma vitória na Justiça Federal, em Porto Alegre.

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Ele lembra que começou a trabalhar ali com 10 anos de idade, quando o pai abriu o primeiro bar da Joaquina. Mas o local é mais antigo que isso. A família tinha um barracão de pesca e começou a vender petiscos e caipira em uma tenda lá na década de 50. Na época, conta o comerciante, não tinha energia elétrica ali. Mas que depois que o velho abriu o restaurante, tudo foi regularizado.

— Aqui tem escritura pública, projeto aprovado pelo Ipuf. Nós já entramos com defesa em Porto Alegre, eu estou bem preparado. Para derrubar esse estabelecimento de 64 anos, tem que derrubar a Beira-Mar, a Rodoviária, o Fórum, a Assembleia, que era tudo mar.

Conforme Maurílio, trabalham cerca de 20 funcionários com ele na temporada. Há ainda outros empregados no restaurante Maurílio II, que é tocado pelo irmão dele.

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— Então deixaram construir e agora querem derrubar uma casa. E a gente vai viver de quê? Eu acho que o restaurante faz parte da Joaquina. Isso aqui é uma ilha de turismo. E eu tenho vários pais de família que dependem de mim.

Entenda

Em setembro, a 6ª Vara Federal de Florianópolis ordenou a demolição de quatro bares na praia da Joaquina, os dois Maurílio, o Pedra Careca e o Chef Dedé. Autor da ação, o MPF alegou que os estabelecimentos causam dano ambiental em Área de Preservação Permanente (APP). A sentença determina que, depois da demolição, eles terão de limpar toda a área e apresentar um plano de recuperação ambiental, que precisa ser aprovado pelo Ibama. Se não cumprirem a ordem, a multa é de R$ 10 mil por dia.

Na semana passada, os quatro bares conseguiram uma vitória judicial depois que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, suspendeu, até o julgamento da apelação, a ordem de demolição e recuperação da área.

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Na mesma ação, conforme o jornal Hora de Santa Catarina noticiou em setembro deste ano, outros cinco réus foram absolvidos, incluindo dois hotéis e um estacionamento. A sentença também determina que a Prefeitura de Florianópolis e a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) precisam deixar claros os limites da APP na beira da Praia da Joaquina.