Uma fotografia do Diário Catarinense tirada em 28 de março de 2004 mostra um enorme pedaço de árvore caído sobre o toldo do restaurante Nei Frangos, localizado no bairro Santa Bárbara, em Criciúma. O tronco parece ter sido arrancado pela metade. A fiação está derrubada e os galhos se espalham por toda a calçada, impedindo a passagem pela rua Domênico Sônego.

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A foto foi tirada na manhã seguinte ao Furacão Catarina, que assolou várias cidades do Sul catarinense. Vinte anos depois, o Nei Frangos segue em atividade. O proprietário Rodinei Torres, de 64 anos, se emociona ao rever a imagem, a convite do NSC Total. Foram horas de tensão, ele recorda:

— A gente ficou na expectativa a noite toda por causa do vento. E quando chegamos aqui para trabalhar, de manhã, tinha essa árvore sobre a rede elétrica, em cima de todos os restaurantes.

Leia todas as reportagens especiais sobre os 20 anos do Furacão Catarina

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O negócio seguiu funcionando naquela manhã. Nei e seus dois sócios abasteceram de frango as máquinas assadoras e tiveram que girar os espetos à mão, já que não havia eletricidade para fazer o trabalho.

— A gente tentou fazer o possível para não deixar a mercadoria encalhada. Foi um sacrifício, mas valeu a pena. Conseguimos abastecer o pessoal que estava precisando.

Fotos mostram antes e depois do restaurante atingido pelo furacão

O restaurante não sofreu muitas perdas, fora o toldo e algumas telhas. Nei diz que rever a foto é gratificante.

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— São quase 30 anos que a gente tá aqui e, com o furacão, ficamos mais conhecidos ainda.

Atualmente, o Nei Frangos dobrou de tamanho e ocupa todas as lojas do conjunto comercial na esquina da Domênico Sônego com a Henrique Lage. O empresário atende cerca de 150 pessoas por dia no restaurante, que serve buffet e, nos fins de semana, continua preparando frango assado.

Até hoje, as máquinas usadas naquele 28 de março de 2004 seguem na ativa. Elas viraram símbolo do trabalho ao qual Nei dedicou sua vida: foi assando frangos que ele conseguiu sair do desemprego e levar prosperidade à família. O empresário se orgulha de abrir o restaurante de segunda a segunda, haja o que houver:

— Se tá na chuva, tem que se molhar, né? — brinca ele.

Reportagens especiais relembram Furacão Catarina

Na semana que marca os 20 anos da passagem do Furacão Catarina pelo Estado, uma série de reportagens especiais relembra como foi o evento único no país que afetou cidades do Sul catarinense em 2004, e trazem os aprendizados deixados pelo furacão, que mudou a vida de milhares de catarinenses. 

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