Uma semana após a operação da Polícia Federal (PF), em conjunto com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em uma empresa de Joinville por supostas irregularidades na manutenção de aeronaves, o dono da companhia falou sobre o caso. Para o empresário Paulo Cézar Machado, não há ilegalidade nos processos realizados pela Horus Aero Peças.

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Atualmente, a empresa funciona somente como revenda de peças e os serviços ofertados antigamente, como de táxi aéreo, escola de aviação e manutenção, estão extintos há quase dois anos. Segundo Machado, a prestação dos trabalhos foi finalizada porque deixou de ser rentável. Durante a operação, os órgãos informaram que havia indícios de que a manutenção era realizada no local. Entretanto, o empresário afirma que a oficina está fechada.

— O que fizemos foi reparar aeronaves acidentadas. Tal situação é feita no país inteiro, por outras empresas — diz.

De acordo com Machado, o estabelecimento comprou aeronaves sinistradas dentro do país e já importou quatro dos Estados Unidos para depois fazer a restauração dos equipamentos e a comercialização. Conforme o empresário, os acidentes aéreos nacionais são acompanhados por laudos de investigação emitidos pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Ainda segundo ele, todos os processos feitos dentro da companhia foram documentados e seguiram as exigências previstas pela ANAC. Ele esclarece que, após a compra dos aparelhos acidentados, e junto ao laudo da investigação, a empresa solicitou à agência a autorização de início dos reparos, relatando todas as avarias existentes e os procedimentos de restauro. A entidade analisou e, nos casos em que foi possível, liberou a remontagem.

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Os reparos foram feitos com peças motrizes novas e a “carcaça” da aeronave com materiais autorizados pela ANAC. Depois de realizados os reparos, a agência faz a inspeção e realiza a liberação para o voo.

O empresário garantiu que estes restauros não são mais realizados, desde que a oficina encerrou os trabalhos.

— Peças como, por exemplo, pá e esticador de correia, só podem ser utilizadas novas. O que pode ser refeito? Parte de cabine, parte de porta das coisas acidentadas que são feitas com chapa aeronáutica. Já as outras eram importadas — esclarece.

Mandados em outas cidades

Machado menciona que todas as peças e as reconstruções passaram por processo junto à agência e que a remontagem não faz mais parte dos serviços realizados na Horus. Neste momento, os trabalhos se concentram somente na revenda autorizada de peças aeronáuticas.

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Durante a operação, a PF cumpriu mandados em outros locais, como em uma oficina em Sorocaba (SP) e em uma residência no município de Rio do Sul.

Conforme o empresário, a empresa não tem nenhuma relação com os outros locais investigados. Ele disse que o dono da oficina paulista já trabalhou, há cerca de 10 anos, na Horus, na função de chapeador; já o outro local era de um cliente da companhia. Quanto à suspeita da PF e da ANAC sobre a importação ilegal de aeronaves acidentadas, ele confirmou que já fez importação, mas que o processo é legal.

Investigação da polícia continua

De acordo com o delegado Oscar Biffi, responsável pelo inquérito policial, a investigação ainda está em curso. As peças, aeronaves e documentos apreendidos devem passar por perícia nos próximos dias, realizada pela PF. Ainda não há data para concluir o inquérito policial, segundo Biffi, por causa da complexidade do caso. Ele ressaltou que há previsão de ouvir testemunhas. A ANAC informou que ainda analisa os documentos e ainda não há data para conclusão das investigações.

A PF, em conjunto com a agência, realizou a operação em 10 de abril, para investigar um suposto esquema de fraude na manutenção de aeronaves. A apuração também demonstrou que a empresa comprava equipamentos sinistrados e realizava reparos além dos limites permitidos pelo fabricante. Conforme a ANAC, há indícios de que a organização possa ter ramificações nos EUA, por meio da importação irregular. As investigações iniciaram em 2016, depois de uma denúncia.

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