Em estado de calamidade pública e com prejuízos de R$ 30 milhões, a cidade de Ponte Alta, na Serra Catarinense, procura voltar à normalidade após o tornado que a destruiu no último domingo. Doações de várias regiões do Estado chegam com frequência e já são distribuídas à população.

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Dos cinco mil moradores, pelo menos 90% foram afetados e precisam de ajuda. Levantamento feito pelas equipes da prefeitura, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil aponta que 38,5 mil folhas de fibrocimento que cobriam a 1,9 mil residências atingidas foram destruídas e precisam ser substituídas.

Nesta quarta-feira chegaram oito mil unidades e, para esta quinta, são esperadas mais quatro mil. A preferência é por folhas de 5 milímetros, mais resistentes. Assim, a prioridade é este tipo de material para cobrir as casas que ainda estão só com lona.

Para auxiliar na distribuição aos moradores, especialmente dos bairros Despraiado, Nossa Senhora Aparecida e Vila Nova, os mais castigados, 15 militares do 10º Batalhão de Engenharia de Construção do Exército (10º BEC), sediado em Lages, distante 45 quilômetros, serão deslocados a Ponte Alta.

Paralelamente, engenheiros da Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures) e do governo do Estado fazem a análise técnica de cada imóvel atingido para atestar a possibilidade de reforma ou a necessidade de demolição por segurança.

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Serviços essenciais como água, energia e comunicação já estão praticamente normalizados em toda a cidade. O grande trabalho agora é no sentido de amenizar o sofrimento das famílias afetadas. A central de distribuição de donativos montada pela prefeitura recebe gente a todo momento atrás de comida, leite, colchões, roupas, material de limpeza e higiene pessoal.

Na manhã desta quarta-feira, a servente Karina Alves Correa dos Santos, de 22 anos, foi ao local com a mãe, a aposentada Helena Alves Correa, 48, e os filhos Adrian, Isabela e Keiliane, com idades entre dois e sete anos, em busca de mantimentos. Moradora do Bairro Nossa Senhora Aparecida, a família perdeu tudo o que tinha e continuava com a casa descoberta e exposta ao tempo. Doente e dependente de uma série de remédios, Helena está desesperada.

– A lona que cobria o que sobrou da nossa casa rasgou inteira. Vivemos em oito pessoas lá, e não temos mais roupa e comida para ninguém. Estamos enfrentando uma tragédia.

Correria para justificar a calamidade pública e garantir benefícios

Além de distribuir as coberturas para as casas e os mantimentos básicos de sobrevivência humana, as autoridades correm para concluir toda a burocracia necessária e enviar ainda esta semana a Brasília os documentos para justificar o estado de calamidade pública, decretado pelo fato de Ponte Alta ter ficado sem os serviços vitais e não funcionar sem ajuda externa.

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O decreto de calamidade pública, explica o gerente de Operações e Assistência da Secretaria de Estado da Defesa Civil, capitão Fabiano de Souza, permite à prefeitura contratar serviços e comprar produtos sem licitação e garante recursos estaduais e federais. Também possibilita às pessoas atingidas o resgate integral do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e às empresas a isenção de impostos, situações vetadas nos casos de situação de emergência.

A última vez que Santa Catarina registrou calamidade pública foi em setembro do ano passado, quando 11 municípios do Vale do Itajaí fizeram o decreto pela enchente que devastou a região.