Quem acompanha as partidas do Criciúma no Estádio Heriberto Hülse, seja in loco ou pela televisão, já viu alguma vez essa senhora. Ivone Camilo Fernandes, 76 anos, é um símbolo da torcida carvoeira, exemplar vivo da história do clube e figura garantida nas arquibancadas. São 41 anos de estádio, a maior parte deles com o companheiro inseparável: um tigre de pelúcia de mais de um metro, que ela não troca por nada.
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Se hoje em dia alguns ainda questionam a presença feminina nos estádios – seja na torcida, no trabalho jornalístico ou na arbitragem –, imagina como era há quatro décadas. Foi a insistência do marido Antônio que fez Ivone ver uma partida pela primeira vez, e dali em diante, toda aquela atmosfera fascinou a carvoeira.
No ano em que o Comerciário passou a se chamar Criciúma, surgiu o relacionamento que dura até hoje. Dona Ivone, como é popularmente conhecida, arrasta a família para o estádio, faça chuva ou faça sol. Em dia de jogo, o ritual é sempre o mesmo: os netos Gabriel e Marcelo e os filhos Antônio e Anselmo vão até a casa dela e, a pé, os cinco seguem em direção ao Majestoso, como é carinhosamente chamado pela torcida o estádio.
Gosto de ir aos jogos, traz alegria e saúde para minha vida. Sou sócia patrimonial, mas mesmo assim pago mensalidade para os netos, para que vou guardar dinheiro? É melhor gastar com alegria do que com remédio, doença – diverte-se.

Em tudo o que faz, o Criciúma está incluído. A coleção de camisas do Tricolor, objetos, acessórios, bandeiras, são a marca registrada dela. No último casamento em que foi convidada, a roupa escolhida foi uma camisa do Criciúma. Os amigos e familiares não se importam, segundo ela, pois sabem do amor pelo clube da cidade. Dos seis filhos, nasceram 12 netos e sete bisnetos, todos torcedores do Tigre, garante ela.
Não teve coisa mais emocionante do que aquele título da Copa do Brasil em 1991. Foi muito lindo – resume ela.
Na posição de quem já viu grandes nomes, como o do técnico Luiz Felipe Scolari, e de jogadores campeões passarem pelo Sul do Estado, Dona Ivone se sente à vontade para falar sobre o futuro. A queda para a Série C do Brasileiro é assunto superado, foi necessária para dar uma “sacudida” no clube na avaliação dela. Para 2020, a expectativa é por dias mais felizes:
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Agora vai voltar a ser aquele time guerreiro, tinha que ter um choque mesmo. Vai ser diferente, um ano de muita alegria.