A proprietária de uma creche particular e uma professora que trabalhava no local foram denunciadas à Justiça pela suposta prática de uma série de crimes contra as crianças que frequentavam a escola, localizada no bairro Capoeiras, em Florianópolis. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) ingressou com a ação penal no domingo (14).
Continua depois da publicidade
Receba notícias de Florianópolis e região pelo WhatsApp
Entre as condutas apontadas no processo estão castigos físicos e psicológicos impostos aos alunos. Tapas, xingamentos, puxões de orelha, banhos frios e reclusão em uma sala escura seriam algumas das ações supostamente praticadas.
A ação do MPSC também relata que elas não permitiam que as crianças fossem limpas se fizessem necessidades nas calças e que até teriam imobilizado o maxilar de um aluno para que não chorasse. Outra prática seria a privação de alimentação adequada às crianças.
Segundo o promotor de justiça Benhur Poti Betiolo, quando chegavam em casa ao final do dia, os alunos sempre estavam muito famintos, de uma forma desproporcional, conforme relato dos pais.
Continua depois da publicidade
Além disso, as duas acusadas teriam deixado de ministrar medicação enviada pelos responsáveis e retirado intencionalmente o aparelho de auditivo de uma das crianças.
O caso veio à tona no início do mês de julho, por meio de denúncias anônimas de outras profissionais da creche. Vídeos sobre o comportamento das duas acusadas contra as crianças circularam nas redes sociais e preocuparam os pais dos alunos. O local foi interditado após o início das investigações da polícia.
Na época, a suposta agressão contra um aluno com deficiência, que estava nu, e o uso de um cobertor para abafar o choro de uma bebê repercutiram no Estado.
De acordo com o MPSC, como resultado das supostas agressões, várias crianças chegavam em casa com marcas, arranhões e hematomas. As desculpas fornecidas pela escola seriam mentirosas.
Continua depois da publicidade
Para o promotor de Justiça, as condutas da proprietária da creche e da professora configurariam os crimes maus-tratos, lesão corporal, submeter criança a vexame ou a constrangimento, tortura física e psicológica.
As denunciadas eram autoridades na escola, mantendo bom relacionamento e cumplicidade entre si. Segundo a investigação, a proximidade facilitou para encobrir os supostos crimes.
A ação penal do MPSC foi protocolada na 2ª Vara Criminal da Comarca da Capital. Somente após o recebimento pelo Tribunal de Justiça, as acusadas passam a ser formalmente rés no processo penal, no qual terão amplo direito à defesa e ao contraditório.
Escola negou acusações em julho
A dona da creche prestou depoimento à Polícia Civil no dia 7 de julho. Na ocasião, ela teria negado as acusações, de acordo com o delegado Luis Felipe Fuentes, que conduziu o inquérito.
Continua depois da publicidade
— Ela de modo geral negou todas as acusações e esclareceu algumas situações — afirmou o delegado.
A reportagem entrou em contato com a defesa da proprietária da creche nesta terça-feira (16), mas não obteve retorno até a publicação.
Leia também
Suspeito de atacar família a tiros se apresenta à polícia em SC
Obra da Lagoa é frustrante e pode piorar o trânsito na Capital
Motorista bêbado que matou jovem atropelada em Florianópolis é condenado a semiaberto