O dólar vai subir para além de R$ 2,60. O prognóstico é do professor da Escola de Negócios Sustentare, Ricardo Torres, também gestor de fundos de investimentos com atuação em Luxemburgo, na Europa.

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O especialista diz que Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda contribuiria para acalmar os empresários. Ele enxerga o Brasil como um destino natural de investidores e acredita que os juros podem subir mais.

Para conter a inflação, a Selic poderia chegar a 14% ao ano. Torres esteve em Joinville nesta semana, onde fez palestra na Associação Empresarial (Acij), na quarta-feira. Na ocasião, falou de cenários e tendências.

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Índice

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– O Índice de Confiança Empresarial Sustentare (Ices 2014) é um instrumento de decisão por parte das lideranças. Ele até mesmo auxilia governantes a adotarem medidas em função dos cenários apresentados no estudo, feito regularmente a cada trimestre.

Incertezas

– O ano de 2014 foi muito difícil para todos. Uma das primeiras constatações é de que o governo federal não tem criado as condições e nem o ambiente adequado para o desenvolvimento coletivo. Ninguém gosta de correr riscos. Como estamos num momento de absoluta incerteza, e não há confiança no futuro imediato, é complicado encontrarmos quem se sinta seguro para agir. O olhar é negativo.

Inflação e custos

– Há dois componentes a preocupar decisivamente. Refiro-me à inflação alta – acima dos 6,5% ao ano – e o crescente aumento de custos para as empresas. Em Joinville, percebemos que os salários dos trabalhadores subiram. Em contrapartida, as margens das indústrias se reduziram.

4º trimestre

– O próximo levantamento do Ices, para o quarto trimestre do ano, deverá apresentar dados semelhantes aos que foram anotados entre julho e setembro. Neste período, o Ices mostrou que apenas 15,8% dos respondentes demonstravam otimismo. A expectativa econômica ficou em 38,78 pontos.

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– O índice geral das indústrias foi de 45,61%. O do comércio fixou-se em apenas 41,93 e o de prestação de serviços atingiu 45,78 pontos. Todos abaixo da linha divisória dos 50 pontos. Isso é muito ruim.

Expectativa

– A lógica indica que o dólar não vai cair. Ao contrário. Estamos migrando de um dólar a R$ 2,56 para, muito provavelmente, uma cotação a se estabilizar num patamar acima de R$ 2,60. Esta projeção deverá se manter até no primeiro trimestre de 2015. Uma análise prospectiva de médio prazo, valendo para todo o próximo ano, ainda não é possível fazer.

Juros

– O Copom fixou a taxa de juros em 11,25% na última reunião. E tende a elevar mais o índice. Indo a 14% ao ano, traria muito mais investidores externos para ganhar com esta possível taxa superatrativa. Eles viriam para aplicar em Letras do Tesouro Nacional (LTNs), por exemplo. Aí, ganham muito dinheiro, combinado com a natural queda do câmbio. Os investidores estrangeiros são especuladores. O Brasil é um país de risco alto. Mas 44 milhões de brasileiros recebem salários ou proventos das três esferas de governo. Como muitos são concursados, eles não têm medo de consumir, de gastar. Este volume de pessoas significa parcela significativa da população economicamente ativa.

Europa

– Com a atividade na Europa melhorando, as empresas joinvilenses também teriam reflexos positivos. Isso será consequência do expressivo volume de negócios que elas têm com clientes europeus.

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Nomes

– Fatores essenciais para se compreender o que vai acontecer dependem de quem a presidente Dilma Rousseff vai nomear para dois postos-chave na estrutura federal: o Ministério da Fazenda e a presidência do Banco Central. Se Henrique Meirelles for o escolhido para a Fazenda, haverá um natural alívio, e isso dará uma mensagem tranquilizadora. E pode melhorar a percepção. Se for outro, o dólar não desce de R$ 2,60.

Serviços

– A desconfiança notada entre industriais locais não é tão forte entre dirigentes de negócios no comércio e de prestadores de serviços. Neste ano, o comércio, em Joinville, ganhou em qualidade. Deu um pulo para frente, com várias operações novas, inclusive de redes nacionais, que chegaram aos consumidores daqui.

Proteção

– É fácil compreender por que os empresários joinvilenses são muito bem preparados para proteger a lucratividade dos negócios. Eles agem rapidamente para minimizar perdas e otimizar os resultados. A região Norte de Santa Catarina, tendo Joinville no epicentro, é um mundo à parte. O nível de desemprego é de apenas 3%.