A expectativa com relação à reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que nesta quarta-feira pode anunciar novo corte no programa de estímulo à economia, fez crescer ontem a pressão sobre as moedas de países emergentes. No Brasil, o dólar fechou nesta segunda em alta de 1,17%, vendido a R$ 2,4250.
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A desvalorização das moedas de países como Argentina, Turquia, África do Sul e Rússia tem levado os governos a adotarem medidas para frear a saída de dólares. Nesta segunda passaram a vigorar as novas regras para compra de moeda americana como poupança pelos argentinos. Mesmo assim, o dólar paralelo voltou a subir no país: a cotação estava em 12,25 pesos às 15h. Na sexta, havia encerrado o dia valendo 11,70 pesos.
A situação levou a presidente Cristina Kirchner a afirmar, no Twitter, que os bancos, juntamente com grupos econômicos, exportadores e importadores, estão por trás de “pressões especulativas sobre as taxas de câmbio dos países emergentes”. Cristina disse que conversou sobre o assunto com a presidente brasileira, Dilma Rousseff, em encontro durante a cúpula da Comunidade de Estados Latinoamericanos e do Caribe (Celac), em Cuba.
Durante um evento em Londres, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, tentou acalmar os ânimos dos investidores ao afirmar que depreciação do real desde o pico de julho de 2011 até agora é um movimento normal e que é possível ver alguns progressos no combate à inflação. Tombini também recomendou aos países emergentes a elevação da taxa de juro como forma de enfrentar a turbulência no período de transição para a retirada dos estímulos. Um novo corte de US$ 10 bilhões nos aportes mensais de US$ 75 bilhões do Fed pode aumentar a saída de dólares de países emergentes, já que os investidores são atraídos pelo rendimento dos títulos americanos.
– As moedas dos países emergentes vêm se desvalorizaram desde meados de janeiro, mas dois elementos acentuaram as pressões: a queda na produção industrial em janeiro na China e a queda do peso argentino na semana passada, fator que deu um passo a um certo movimento de pânico nos mercados – avalia Sébastien Barbe, especialista de economias emergentes no banco Crédit Agricole.
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Na Turquia, o banco central convocou uma reunião de emergência nesta segunda após o avanço da desvalorização da moeda local, a lira, para nova mínima recorde. A expectativa é que a autoridade anuncie um aumento excepcional na taxa de juros, para ajudar a conter a fuga de recursos do país.
Na África do Sul, o rand sul-africano atingiu a cotação mínima em cinco anos, afetado pela volatilidade dos capitais que saem dos mercados emergentes, mas também em um contexto particular de greves em suas minas de platina e dificuldades orçamentárias. O rand caiu 25% em relação a maio do ano passado.