Dois jornalistas foram mortos nesta terça-feira por homens armados no Iraque, um ataque que ocorre um dia depois de ataques que deixaram dezenas de mortos, o que chama atenção para os perigos a que estão expostos os profissionais de imprensa no país.
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“Milicianos armados mataram o correspondente Saif Talal e seu cinegrafista, Hassan al-Anbaki, perto de Baquba”, capital da província de Diyala, anunciou ao vivo um apresentador da emissora Sharqiya News.
Os dois jornalistas foram mortos quando retornavam a Baquba depois de fazer uma reportagem acompanhados do tenente-general Mizher al-Azawi, encarregado da segurança na província.
O Iraque tornou-se um dos países mais perigosos do mundo para os jornalistas, especialmente para os iraquianos, mais expostos a ataques do que seus colegas estrangeiros.
Minas al-Suhail, um jornalista da Sharqiya News, afirmou à AFP que os dois jornalistas viajavam atrás do comboio militar quando um grupo de homens armados em três caminhonetes parou seu veículo e atirou contra eles.
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Nesta área operam milícias xiitas armadas, algumas das quais foram acusadas de abusos. O canal privado para o qual os profissionais trabalhavam pertencente a sunitas e é considerado simpático a este ramo do Islã.
De acordo com um porta-voz da segurança, os dois homens voltavam de Muqdadiyah, ao nordeste de Bagdá, onde na segunda-feira 20 pessoas foram mortas em um duplo atentado reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
Depois dos ataques, vários xiitas atearam fogo a casas e uma mesquita sunita.
De acordo com o relatório anual da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), divulgado em 29 de dezembro, o Iraque ocupa o primeiro lugar na lista dos países mais perigosos para jornalistas, com 10 mortos registrados em 2015.
A chefe da RSF no Iraque, Alexandra El Khazen, condenou os assassinatos. “Este duplo assassinato chocante não deve ficar impune. O Iraque é um campo minado para os jornalistas. Instamos as autoridades a conduzir uma investigação independente para resolver este crime e levar os responsáveis ante a justiça”, afirmou.
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A ONU emitiu uma declaração condenando o ataque à mesquita. “Mais uma vez, os lugares de culto estão sob ataque. Funcionários querem incitar a violência entre comunidades em uma tentativa desesperada de que o país volte aos dias sombrios da luta sectária”, declarou o representante da ONU para o Iraque, Jan Kubis.
O Iraque reivindicou a vitória sobre o EI em Diyala no início do ano passado, mas a violência persistente na província faz prever um quadro sombrio para o futuro do país.
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