Um colega viveu curiosa história há quatro dias em Joinville. Percebeu um cachorro na rua. Não o conhecia naquelas bandas e parou para checar. Foi abrir o carro e o boxer branco pulou para a carona, de lá não saindo. Ligou-me para saber se poderia colocar a informação no jornal para, quem sabe: 1 – Eventualmente achar o dono; 2 – Encontrar interessado na adoção. Não deu, o espaço estava curto. Levou o cão para casa.
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No dia seguinte, outra colega juntou-se a ele para ajudar e jogaram a informação no Facebook com foto do bicho. Em minutos, a mobilização estava feita e chegou-se ao dono. Fantástico poder da rede. E, usada assim, para o bem, para ajudar, para resolver, fica ainda melhor. O fujãozinho já está de novo com os seus graças: 1 – Ao interesse destes colegas de tentar uma solução; 2 – Da capacidade de mobilização pela via da tecnologia que nos cerca.
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Esta história me fez lembrar de outra. Em setembro de 1995, estava em São Miguel do Oeste acompanhando uma competição para o jornal. Na segunda noite lá, saí para uma volta a pé para conhecer o território. Foi dar meia dúzia de passos e passar a ser acompanhado por um cachorro enorme, um pastor-alemão ou coisa que o valha que me lembrou de Rin-Tin-Tin e de Joe, o Fugitivo (algum leitor haverá de lembrar-se destas séries que nos seguravam em frente à TV quando a vida era mais devagar).
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O bicho era grande e à primeira vista assustador, tive dor de barriga e pensei que seria devorado como uma salsicha. Respirei e continuei andando imaginando que o cão tomaria outro rumo. Seguiu-me, qual sombra. Voltas e voltas e ele junto. Vi uma igreja aberta e resolvi entrar, provavelmente desistiria de mim. Entrei e ele me acompanhou. Havia uma missa em andamento e as pessoas nos olharam. Saí.
Aliás, saímos – já éramos amigos, mas precisava me livrar dele. Voltei ao ponto de partida, contei a história daquela inesperada companhia a algumas pessoas e perguntei se alguém sabia de quem era. Riram e indicaram-me uma casa.
Fui lá, cão a tiracolo. Bati palmas e o dono, assim que nos viu no portão, gritou:
– Sultão!
Sultão pôs o rabo entre as pernas, entrou escutando leve bronca pela escapada e, antes de sumir, olhou-me como se agradecesse pelo passeio e pela atenção.