Até mesmo os defensores dos réus da Operação Lava-Jato admitem que ela é um sucesso, seja em números, seja em popularidade. A maior operação anticorrupção da história brasileira completa dois anos nesta quinta-feira com um plantel de 137 presos nesse período, 482 mandados de buscas e apreensão e 85 condenações. E, o que é importante: sob aplausos de grande parte da nação. Qual o futuro dessa mega investigação, que começou em um posto de combustíveis em Brasília e hoje faz uma devassa nas estatais brasileiras?
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Relembre todas as 24 fases da Operação Lava-Jato
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A Lava-Jato acumula 24 fases (média de uma por mês) e o foco, no momento, está nos políticos. A avalanche de revelações sobre propinas pagas a parlamentares por empresas interessadas em abocanhar contratos na Petrobras e em outras estatais chegou ao ápice com a colaboração premiada do senador Delcídio Amaral (licenciado do PT-MS), cuja íntegra foi divulgada esta semana. Sobrou para todos os maiores partidos do Brasil, da situação e da oposição. A delação do senador, que ficou três meses preso, alveja 76 pessoas (na maioria, políticos) e 26 empresas.
É provável que a Procuradoria-Geral da República (PGR) abra investigações sobre todos os mencionados, a começar pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (flagrado em escuta telefônica com a presidente Dilma Rousseff), pelo ministro da Educação (Aloizio Mercadante, do PT) e pelo senador Aécio Neves (PSDB).
Por essas e outras, natural que a Lava-Jato concentre esforços em Brasília. Hoje são 56 os investigados com foro privilegiado (deputados, senadores, governadores e ex-governadores). Apenas sete estão denunciados e só um foi transformado em réu, o presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A ideia, na PGR, é impulsionar as investigações para que mais políticos dessa leva sejam julgados.
– O STF (Supremo Tribunal Federal)mudou, creio que os julgamentos serão mais rápidos – analisa um procurador que atua em Brasília.
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Não está descartado que algum desses políticos faça colaboração premiada, mas a probabilidade disso ocorrer é maior entre os réus sem foro privilegiado, em Curitiba. A operação no Paraná – conduzida no âmbito da 13ª Vara Federal – já contabiliza 49 delações (essas, os verdadeiros motores da operação).
É de lá que surgirão novos nomes de empresários, funcionários de estatais, lobistas e políticos beneficiados pela corrupção nas estatais (sobremaneira, na Petrobras). E os trabalhos em Curitiba, a cargo do juiz Sérgio Moro, estão longe do fim. Estão na mão do magistrado 13 processos à espera de sentença.
Entre os réus ainda não sentenciados está o ex-ministro José Dirceu. O magistrado também terá como missão apreciar indícios de crimes que pesam sobre pessoas muito próximas ao ex-presidente Lula, como Paulo Okamotto (do Instituto Lula).
Da parte da PF e do Ministério Público Federal (MPF), há disposição de continuar a desfiar o novelo de relações nebulosas que caracteriza as relações empreiteiras-governo no Brasil.
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– Só com base nos indícios que temos há possibilidade de 25ª, 26ª fases da Lava-Jato. O país mudou, para melhor. E por isso não temos planos de parar – pondera o delegado Luciano Flores de Lima, gaúcho que atua na Lava-Jato.
Clique no infográfico abaixo e relembre todas as fases: