Retorno financeiro, sonho profissional, status ou conquista pessoal. Seja qual for a motivação para se preparar para as provas de vestibular, ela é um fator competitivo durante os estudos e no dia dos testes. Ter um objetivo claramente definido ajuda no empenho do estudante e pode compensar o tempo restrito para se dedicar aos conteúdos.

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Para o psicólogo e coach de carreira, Cristian Strassun, essa é uma das razões que garantem aos alunos que, além de estudar, precisam trabalhar, um bom resultado no vestibular.

– A parte emocional é um fator chave na hora de conquistar a vaga tão sonhada na universidade – diz.

Motivado, enfrenta-se as horas de estudo, o cansaço e o medo de não ser aprovado em cursos concorridos como o de Medicina. Ano passado, cada vaga da graduação era disputada por 104 pessoas na classificação geral da UFSC.

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Os esforços têm resultados. Os calouros Beatriz Nunes, Rodolpho Sparano e Paulo Roberto Oliveira enfrentaram a frustração, as dificuldades e as fatalidades e conseguiram entrar para a universidade.

Em Santa Catarina, Rodolpho

descobriu uma nova ambição

Durante o dia, Rodolpho vende eletrônicos. À noite, dedica-se à Ciência e Tecnologia de Alimentos. Crédito: Cristiano Estrela/Agência RBS

Ano passado, a rotina de Rodolpho Sparano, 22, começava às 6h e terminava depois da meia-noite. De sua casa, em Santo Amaro da Imperatriz, até o Mercado Público de Florianópolis, onde trabalha num box de eletrônicos, era uma hora e quarenta minutos de viagem. Trabalhava até as 18h30min e partia para o curso pré-vestibular. Às 23h, tomava o ônibus para casa.

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No trabalho, Rodolpho conheceu uma professora de cursinho e reviu a possibilidade de estudar. Em São Paulo, onde nasceu, prestou vestibular para Engenharia Mecânica, mas não foi aprovado e desanimou. Em Santa Catarina, tentou o curso de Relações Internacionais da UFSC, mas faltaram apenas 10 pontos.

Com as vagas remanescentes, foi chamado para a graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Descobriu uma nova paixão, tem ideias para pesquisa e, inclusive, inscreveu-se para participar da empresa júnior.

No hospital, Beatriz decidiu

por qual caminho gostaria de seguir

Internada com embolia pulmonar, Beatriz investiu o tempo ocioso na preparação para o vestibular. Foto: Alvarélio Kurossu/Agência RBS.

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Faltava pouco mais de um mês para as provas do vestibular quando Beatriz Ferreira Nunes, 20, rompeu o ligamento do pé esquerdo ao torcê-lo na rua. Para quem tentava passar no curso de Medicina pelo terceiro ano, deixar de assistir às aulas não era uma possibilidade e, por isso, continuou frequentando o curso pré-vestibular de muletas. Mas um susto fez com que interrompesse a preparação.

Um dia, ao realizar um movimento simples de se levantar da cadeira, seu coração disparou e ela se sentiu muito cansada. A sensação prosseguiu por três dias até se sentir mal. Levada ao hospital, foi direto para a sala de reanimação e encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Beatriz estava com uma embolia pulmonar grave. Uma trombose passara da perna lesionada para os pulmões.

Passou quatro dias na UTI. No segundo, quando sua mãe veio visitá-la, Beatriz pediu a ela que trouxesse as apostilas. Diante da recusa da mãe, insistiu:

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– Mãe, eu vejo a hora passar, não faço absolutamente nada, só penso que vou morrer. Traga minhas apostilas.

Beatriz retomou a rotina de estudos. Na UTI, as enfermeiras ajudavam a tirar dúvidas de Biologia e a consultar a internet.

A experiência reforçou a vontade de cursar Medicina, mas, a 15 dias das provas, não pensava ter chances de passar. Beatriz foi aprovada na primeira chamada na Universidade Regional de Blumenau (Furb) e começou as aulas neste semestre. Ainda está em tratamento para recuperar-se totalmente, mas nada comparado ao que passou no hospital.

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Paulo encarou seis vestibulares

até ser aprovado pela UFSC

“Procurei me policiar nos atos, na rotina, e me organizar melhor”, conta Paulo Roberto de Oliveira, estudante da UFSC. Foto: Marco Favero/Agência RBS.

Calouro de Medicina da UFSC, Paulo Roberto de Oliveira, 30 anos, prestou seis vestibulares. O caminho para chegar à aprovação teve muitos desvios, mas uma motivação: ser exemplo.

Após reprovações na escola pública, abandonou o colégio e se formou por supletivo. Tentou duas vezes o curso de Direito. Chegou a cursar Ciências Sociais e Enfermagem, mas queria ser médico.

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Desde 2008, Paulo se dedicou ao vestibular de Medicina. Trabalhava para cursar o preparatório, que abandonava por falta de recursos. Chegou a ter apenas R$ 2 por dia para comer. Mas a principal dificuldade foi aprender a estudar.

Observando que seu desempenho evoluía pouco ano a ano, procurou um psiquiatra e foi diagnosticado com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Após o tratamento, o desempenho de Paulo avançou e, neste ano, veio a aprovação. Ao ver seu nome entre os aprovados, sentou-se e começou a chorar, até ser atingido por farinha e ovos: era, enfim, um calouro da Medicina.

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