Colombo Machado Salles, 90 anos de idade. Um político tão conhecido na história catarinense sem sequer ter sido “político”. Uma infância tranquila em Laguna, no Sul do estado, onde nasceu em 20 de maio de 1926. Na família dele, havia nomes como Felipe Schmidt e Lauro Müller. Porém, o pai do governador do estado entre 1971 e 1975 não tinha envolvimento com a política.
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Com 17 anos, no primeiro dia como estudante no curso de Engenharia Civil, pela Universidade Federal do Paraná, o jovem Colombo Salles acabou tendo uma péssima notícia: a morte do pai, seu Calistrato. A partir daí, a mãe Berta passou a cuidar dele. Aos 23 anos, formou-se no ensino superior em Curitiba. O curso de pós-graduação foi na França. Na década de 60 do século passado, foi secretário de Governo do Distrito Federal. Também alcançou a direção-geral do Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis. Algo que ele acreditava já ser o ápice de sua carreira.
Pois durante uma aula-exposição na Faculdade Mackenzie, em São Paulo, veio a notícia que mudaria sua vida: seria governador de Santa Catarina. Colombo Salles diz que a escolha de seu nome foi um “acidente na vida pública” do estado. Pensou que tomaria uma vaia dos alunos por ter sido indicado chefe do Poder Executivo catarinense durante a ditadura militar – os chamados “governadores-biônicos”. A reação foi totalmente ao contrário do que imaginava.
Salles conta um pouco de sua história em uma entrevista concedida ao comentarista político Moacir Pereira – que escreveu o livro “Colombo Salles – O Jogo da Verdade” – e ao cronista esportivo Roberto Alves, que conheceu o ex-governador antes mesmo dele ter exercido o cargo. A conversa aconteceu na última sexta-feira (13), no apartamento do ex-governador no Centro de Florianópolis.
Este é o início da trajetória que levou o cidadão lagunense a ser governador de Santa Catarina durante quatro anos. Porém, quem foi o responsável pela indicação de Colombo Salles para uma função que nem ele mesmo esperava fazer? O ministro dos Transportes do governo Médici, Mário Andreazza – de quem já havia recebido, em 1970, a missão de comunicar ao seu antecessor no governo do estado, Ivo Silveira, sobre a preocupação com a queda de pontes pênseis semelhantes à Hercílio Luz – fato que seria crucial para a construção de uma nova ponte? Ou a indicação teria sido do próprio presidente Emílio Garrastazu Médici?
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Um dos desafios de Colombo Salles a frente do Executivo catarinense foi a enchente de Tubarão, em 1974. A enxurrada deixou 60 mil desabrigados. Praticamente toda a cidade foi inundada pelas águas do rio Tubarão. Os jornais da época trouxeram a informação de quase 200 mortos – número que nem é possível confirmar porque não houve uma contagem oficial de vítimas. Foi difícil, inclusive, chegar à área da tragédia.
Voltamos à entrevista, este documento histórico, o registro com uma grande personalidade política do estado: Colombo Salles, que recebeu em seu apartamento os jornalistas do grupo RBS Roberto Alves e Moacir Pereira. Isso aconteceu na última sexta-feira (13). Agora, a conversa enfoca as ações realizadas no município que o ex-governador mora até hoje: a capital do estado de Santa Catarina.
Um dos trabalhos ao longo de sua administração foi o Aterro da Baía Sul, projeto que Colombo Salles já desenvolvera anos antes de se tornar governador. Houve muita polêmica. Com a construção do aterro, aconteceu a demolição do Miramar, em 1974. O Trapiche Municipal era um dos principais pontos de encontro de Florianópolis. E o que havia sido planejado pelo engenheiro acabou não sendo executado da forma prevista.
Durante sua gestão, foi construída a ponte Colombo Salles. A faixa na cerimônia de inauguração, no dia 8 de março de 1975, foi desatada pela primeira-dama do estado, Daysi Werner Salles. A gigante sustentada por pilares de concreto foi a segunda estrutura a ligar ilha e continente. A conclusão dessa obra veio quando a Hercílio Luz já era há quase 50 anos o único (já saturado e precário) acesso rodoviário para aquele “pedacinho de terra perdido no mar”. Aliás, Colombo Salles nasceu sete dias após a inauguração oficial do cartão-postal de Florianópolis.
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Na verdade, o projeto para a nova travessia já previa oito faixas de rolamento – lembrando que a ponte Pedro Ivo só veio em 1991. Em 1975, o presidente do Departamento Nacional de Estradas e Rodagens (DNER) era o também engenheiro civil Eliseu Resende. O general Golbery do Couto e Silva, homem forte dentro do regime militar, no cargo de chefe da Casa Civil da Presidência da República, teria vetado a construção de duas pontes, e liberado apenas uma.
O mesmo dia da entrega da ponte Colombo Salles foi marcado também pela inauguração da SC-401, da SC-404 e da Avenida Diomício Freitas. O governador entrava em sua última semana de mandato. Também recebeu o título de Cidadão Honorário de Florianópolis. Chegou a ser considerado “o melhor prefeito que a Capital já teve”, apesar de nunca ter exercido este cargo – trata-se de uma homenagem às obras que realizou na cidade.
As homenagens seguem até os dias de hoje. Recentemente, Colombo Salles foi um dos cinco contemplados do Troféu Viver SC, do Diário Catarinense. E hoje, no seu aniversário de 90 anos, ele recebe a Ordem do Mérito Industrial de Santa Catarina, principal honraria concedida pela Fiesc. Em tom modesto, o homem que se considera “simples” se manifesta sobre estes momentos.
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