Se a missão de Cleber e a Máquina já era grande no início – o projeto pretendia documentar o trabalho do poeta, editor e tipógrafo Cleber Teixeira, uma das figuras mais singulares da literatura em Santa Catarina -, a responsabilidade aumentou depois que o escritor faleceu em junho deste ano, aos 74 anos. Com o filme a meio caminho, a diretora Rosana Cacciatore se viu diante de um desafio adicional: conhecer Cleber sem poder falar com ele.
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A saída foi entrevistar amigos, colegas e personalidades que o conheciam, como o músico Victor Ramil e o crítico literário Raúl Antelo. O poeta Augusto de Campos é quem descreve Cleber como um “poeta-tipógrafo-editor-visionário” de grande generosidade, por preocupar-se mais com o trabalho dos outros do que com o seu próprio.
– A ideia inicial era focada na oficina, mas esse projeto não se realizou. A partir da morte dele, construo uma outra narrativa. Espero que o filme mostre o Cleber que conheci pelos amigos dele – diz a diretora.
Nascido no Rio de Janeiro e radicado em Florianópolis desde 1977, Cleber Teixeira era conhecido pelo processo delicado e artesanal que empregava na edição e na impressão de livros, utilizando uma máquina tipográfica do século 19. No catálogo da sua editora, a Noa Noa, estão traduções de autores que ajudou a difundir no Brasil como E.E. Cummings, Stephane Mallarmé e Gertrude Stain, além de vários volumes com seus próprios poemas.
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Por causa de uma outra máquina tipográfica pertencente à sua família, a cineasta se aproximou do editor, que pretendia restaurar o aparelho. Selecionado no Prêmio Cinemateca Catarinense 2011 com R$ 40 mil, o filme ficou quase um ano parado depois que o personagem central adoeceu. Rosana afirma que foi complicado encontrar um novo caminho para o documentário.
– Foi muito difícil, nós não sabíamos o que ia acontecer. Paralisou todo o processo. Em termos de cinema, você tem um personagem do qual vai tratar e de repente ele não está mais lá, não fisicamente. Então o processo todo foi passar por isso juntos – acrescenta a diretora.
Agende-se
O quê: pré-estreia de Cleber e a Máquina
Quando: terça-feria, 3 de dezembro, às 19h
Onde: Fundação Cultural Badesc (Rua Visconde de Ouro Preto, 216, Centro, Florianópolis)
Quanto: gratuito