– Desde pequeno, meu filho sempre foi apaixonado por pedras. Eu achava que era coisa de criança, hoje virou coisa séria: está indo para o segundo ano em geologia, na USP. Acho que o amor por pedras está no sangue.
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Tudo leva a crer que a percepção de Daniela Avancini esteja correta, já que o trato artístico dos minerais é uma tradição (e um orgulho) de sua família desde que o avô tornou-se sinônimo de escultura e um dos maiores artistas de Joinville. Vinte e quatro anos após a morte dele, a neta resgata uma parcela da história do clã – e da própria arte local, ora pois – com o documentário de curta-metragem Mário Avancini – Decifrando a Linguagem das Pedras, do qual é produtora. Formado por imagens e depoimentos de familiares, amigos e especialistas, o filme de Luciano Coelho estreia nesta sexta (2), às 20 horas, no Sesc de Joinville. Confira a entrevista com Daniela:
Por que um documentário sobre o seu avô? É só uma questão familiar?
Daniela Avancini – Não. Começou com a perda da identidade da família, mas coincidiu quando vi a Casa da Cultura sendo reformada e a Mãe Joinvilense (Maria Mijona) embrulhada num saco de lixo preto. Me deu uma sensação horrível. Tudo que ele tinha construído estava desconstruído. Eu teria que juntar os pedaços, tanto da parte das obras quanto da questão pessoal, e acreditei que fazendo isso uniria a família.
Foi difícil reunir material e entrevistados?
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Daniela – De início sim, mas logo todos se interessaram. Todos os entrevistados têm algo em comum, o que achei muito interessante.
Há pouquíssimos registros audiovisuais sobre as artes visuais da cidade…
Daniela – Passei horas no Arquivo Histórico e achei muito pouco registro. Muito triste isso. Interessante é que me lembro de muitas filmagens sendo feitas na própria Casa da Cultura, onde passei muito tempo de minha infância e adolescência.
Depois de fazer o documentário, qual a sua conclusão sobre o trabalho do Mário?
Daniela – Que há muito trabalho a ser feito ainda. A ideia principal desse curta era fazer um roteiro que nos levasse ao longa-metragem, e foi feito. Temos bastante material agora, mas ainda há muito a ser resgatado, registrado e catalogado. Muitas obras, histórias e por aí vai.