Conhecido pela potência de suas ondas e por ter um cemitério de navios, a Pedra do Campo Bom, chamada também pelos surfistas como a Laje da Jagua, tem um importante e decisivo papel histórico e cultural para o desenvolvimento da costa de Laguna e Jaguaruna, no Sul de Santa Catarina. Sob este forte argumento, o documentário A Pedra e o Farol, do diretor Luciano Burin, busca evidenciar de forma artística e informativa a relação entre o Farol de Santa Marta e a Pedra do Campo Bom.

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A Laje da Jagua é uma formação rochosa submarina com aproximadamente dois quilômetros de extensão e a 5,3 km da costa, em frente à praia do Arroio Corrente em Jaguaruna.

– Em certos dias do ano e, de acordo com as marés, pode apresentar uma profundidade de apenas meio metro, o que propicia ondas gigantes e de alta magnitude. Da praia se vê apenas uma espuma branca no horizonte. De perto, sua formação expõe a força latente do oceano – diz o diretor do documentário, Luciano Burin.

Uma parede de pedra das profundezas do oceano. Uma armadilha fatal para as embarcações num local de ventos fortes e intensos. Neste cenário inóspito, o socorro vinha da luz do imponente Farol de Santa Marta, construído em 1890 para proteger os marinheiros do traiçoeiro trecho do mar aberto do litoral sul.

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Foto: Gentil Reynaldo / Divulgação

– Partindo destes dois marcos geográficos, o documentário se propõe a resgatar os muitos registros históricos da ocupação humana em torno desta região e oferecer um retrato contemporâneo de sua realidade atual – comenta Burin.

Um verdadeiro e importante resgate da relação entre o homem e um local de paisagens singulares:

– Desde o homem do sambaqui há milhares de anos, passando pelos colonizadores espanhóis e portugueses a partir do século 16, as primeiras comunidades de pesca no início do século 20 e mais recente o turismo de veraneio ligado ao surf são assuntos tratados no documentário.

A questão ambiental é tratada como forma de refletir sobre o crescimento desordenado como ameaça das belezas naturais.

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O documentário contém entrevistas com historiadores, surfistas pioneiros, pescadores, faroleiro, fotógrafos, representantes da Marinha, ambientalistas e geólogos. Entre os entrevistados está Egidio Farias Neto, falecido no ano passado, que era historiador e cuidava do Museu de Jaguaruna; familiares de Gentil Reynaldo, fotógrafo que nas décadas de 1940 e 1950 registrou naufrágios no local; e Rodrigo Resende, renomado surfista de ondas grandes, que junto com Zeca Sheffer foram os primeiros a surfar a tenebrosa onda.

Foto: Lucas Barnis / Divulgação

O documentário da Scult Filmes foi aprovado pela Lei Rouanet e atualmente está em fase de produção. O lançamento está previsto para o primeiro semestre do próximo ano. O média-metragem terá duração de 52 minutos.