Neste domingo centenas de crianças em todo o mundo irão pular da cama mais cedo para encontrar um ovo de Páscoa escondido em algum quanto da casa, alguns até seguem as pegadas do coelhinho. Para os cristãos, a tradição representa a ressurreição de Jesus Cristo. Nas culturas pagãs, o ovo trazia a ideia de recomeço de vida. Seja lenda, conto religioso ou independente da crença, foi um ovo de Páscoa que transformou o destino de Ledir Aparecida Besen Pauli, mais conhecida como a Preta de Antônio Carlos. Aos 21 anos, o nascimento de uma filha com deficiência mental e a vontade de superar obstáculos mudou sua vida e o ovo foi o centro de tudo.
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A história de Preta e o ovo de Páscoa iniciou em fevereiro de 2000. Casada com o agricultor Alex Pauli desde os 17, a então balconista precisou deixar tudo para trás e se reinventar para criar a filha Eloiza Pauli, que depois de um problema no parto ficou sem oxigênio no cérebro e nasceu com paralisia cerebral. Como mãe, ela não podia mais trabalhar fora e não tinha condições financeiras para todos os cuidados que a menina precisava. Preta tinha um missão: conseguir uma renda que viesse de dentro de casa e que pagasse todos os altos custos com remédios e exames. Sem saber costurar, nem cozinhar, a jovem mãe também não era ligada ao artesanato, nem nada deste ramo.
Ao comprar roupinhas para a bebê, ganhou um ovo de Páscoa e teve a ideia de reproduzir o mesmo em casa. Sem acesso à internet, nem a livros de receita, comprou uma barra de chocolate que vinha com uma modo de fazer ovos no verso. Ela leu, seguiu as instruções e deu seu toque. Recheou os ovos com coco e flocos de arroz e fez tudo com muita força de vontade, afinal, tinha que dar certo.
Morando em uma casa do tamanho de uma quitinete, ela tinha poucos equipamentos, quase nenhum espaço para armazenar os chocolates e precisava fazer tudo às vésperas da Páscoa. No primeiro ano, já vendeu bastante, correndo a cidade a pé ou de bicicleta para entregar as encomendas. Quase não dormia.
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– A casa pequena e o calor faziam os ovos derreter muito rápido, sem tem como estocar tinha que fazer tudo em cima da hora, cheguei a produzir dormindo em pé, pincelando as mãos com chocolate pensando que era uma forma – conta a doceira que hoje ri dos apertos que passou.
E assim Preta passou as primeiras Páscoas, com uma produção pequena, cerca de 15 ovos. Em 2004, a produção já tinha aumentado bastante, eram tantos os pedidos que ela nem lembra ao certo quantos quilos de chocolate derreteu.
Um tombo, muitos desafios, nenhuma desistência
Ainda em 2004, Preta já comemorava o aumento das encomendas quando a poucos minutos de entregar todos os ovos aos clientes, dos quais ela passou as noites em claro produzindo, a filha, hoje com 14 anos, passou mal em crises conhecidas por ela como experiência de quase morte ( já foram 58 deste o nascimento). Ela largou tudo e correu para o hospital. Ao retornar, toda sua produção tinha derretido. Muitas pessoas em uma momento como este teriam desistido, mas Preta é teimosa. Fez tudo de novo e entregou os pedidos.
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Depois deste e de tantos outros tombos, nesta Páscoa de 2013 ela só tem a comemorar. Em 13 anos de trabalho, os ovos e os docinhos fornecem uma boa renda para toda a família. Ela comprou um terreno, construiu uma linda casa que parece com aquelas que a gente vê em revistas de decoração, tirou de uma concessionária um bom carro à vista, ergueu uma pequena fábrica de chocolates que deu o nome de Ki Delícia, tirou o marido do trabalho no campo ( hoje ele é quem derrete os chocolates e coloca nas formas), contratou as irmãs Leonice Maria Besen e Leila de Fatima Besen, paga todo o tratamento que a Eloiza necessita e mantém uma empregada no período matutino.
A produção da fábrica familiar é nada menos do que três a quatro mil ovos por Páscoa e de 10 a 15 mil docinhos decorados para festas por . Tudo é feito à mão, um a um, da maneira mais artesanal possível. Até hoje, Preta ainda não acessa a internet em busca de receitas, não fez nenhum curso de especialização e faz tudo levando em conta apenas o que vêm em sua cabeça. Como? com um lema:
– A necessidade faz a criatividade. Tinha que dar certo. E quem precisa consegue, basta ter força de vontade- conclui Preta que agora sonha em ter uma loja de revenda no shopping.
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Ainda dá tempo
Ovos, bombons e cestas artesanais da Ki Delícia
Preços
Ovos trufados
300 gramas: R$ 19,90
500 gramas: R$ 29,90
1 kg: R$ 49,90
5 kg: R$ 189,90
Cestas: a partir de R$ 55 ( montadas conforme o que o cliente pede)
Bombons: R$ 1,20
Doces tradicionais para festas: R$ 38 o cento
Onde fica
Rua das Flores, 411, Antônio Carlos (a 35 km de Florianópolis)
Telefone: (48) 3272-1471 / (48) 8418-5095
Assista ao vídeo e aprenda a fazer um ovo simples de Páscoa em pouco tempo
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