UTIs lotadas, centenas de mortos e aumento de casos ativos. Era assim o cenário da pandemia de Covid-19 em SC no dia 2 de dezembro de 2020, data em que o governador Carlos Moisés da Silva (sem partido) decidiu decretar o “toque de recolher” em todas as cidades catarinenses. Um ano depois, o cenário é diferente: com quase 70% da população imunizada, o governo acaba de dispensar o uso de máscaras em ambientes abertos, mesmo com os alertas a respeito da variante Ômicron.

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O fim da obrigatoriedade do uso de máscaras ocorreu no dia 24 de novembro e continua em vigor. O item, contudo, segue obrigatório em locais fechados ou onde não é possível manter o distanciamento social. 

A medida do “toque de recolher” foi tomada após uma reunião entre representantes da Federação Catarinense de Municípios (Fecam) e o governador. No texto, o governo orientava que todas as pessoas permanecessem em casa entre a meia-noite e às 5h, saindo apenas para situações de emergência, como ir ao hospital ou ao trabalho. 

Na época, o Estado vivia uma nova onda da pandemia, depois de uma melhora no cenário entre outubro e começo de novembro. Segundo dados do Painel do Coronavírus, no dia em que a medida foi anunciada, Santa Catarina acumulava mais de 33 mil casos ativos – pacientes ainda em tratamento para a doença. Nesta quarta-feira (1º), são 4.063 casos ativos da doença. 

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Além disso, entre os dias 29 de novembro e 5 de dezembro de 2020 – época em que o decreto foi assinado – Santa Catarina registrou 330 mortes por Covid, sendo, até aquele momento, a semana mais fatal da pandemia desde março. Em todo o mês de dezembro, foram 1.507 vítimas.

Ao todo, a regra do toque de recolher valeu por 15 dias – entre os dias 5 e 20 de dezembro. Depois, no dia 21, um novo decreto foi publicado, em que eram impostas restrições de acordo com a Matriz de Avaliação de Risco Potencial da Covid-19. 

O Estado só voltou a ter algum tipo de restrição de horário em fevereiro, quando o governador declarou dois fins de semanas de “lockdown”, com o fechamento de serviços não essenciais, entre o fim da tarde de sexta-feira até a madrugada de segunda. A decisão foi tomada na época em que o Estado registrava UTIs lotadas e filas de espera por vagas nos hospitais catarinenses.

Para o professor da Univille e infectologista, Tarcisio Crocomo, na época, a medida, mesmo que em atraso, ajudou a frear os números. Porém, um ano após a aplicação a realidade é totalmente diferente. 

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— Hoje a realidade é diferente. Há um ano não tínhamos a vacina disponível. Sem dúvida as medidas, que apesar de não terem a aderência breve que deveriam, como a conscientização para o distanciamento, evitar aglomerações, esse “atraso” custou vidas. Mas as coisas melhoraram e estamos indo bem com a vacinação e com certeza freamos uma pior evolução da pandemia — pontua.

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O retrato da pandemia um ano depois 

Um ano depois do “toque de recolher”, o retrato da pandemia em Santa Catarina é outro. Isso fica evidente ao comparar a Matriz de Risco do início de dezembro de 2020, com a última atualização do mapa que mede a situação da Covid em SC. 

No ano passado, no mesmo período, o Estado tinha 15 regiões no nível gravíssimo – o pior índice da Matriz. Apenas o Extremo-Oeste aparecia no laranja. Além disso, das 16 regiões, 14 tinham nota máxima (4,0) no quesito que mede o nível de transmissão do vírus e 12 no que avaliava a capacidade dos leitos de UTI. 

Mapa mostra a situação da pandemia em dezembro do ano passado
Mapa mostra a situação da pandemia em dezembro do ano passado (Foto: Governo de SC/Divulgação)

O cenário, atualmente, é outro. De acordo com o mapa de risco divulgado no sábado (27), 12 das 17 regiões estão em nível moderado – o melhor indicador da matriz – e cinco em nível de risco alto. Não há regiões no grave ou no gravíssimo hoje.

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A pior situação na atual matriz está no quesito que mede a gravidade da doença, onde se leva em conta o número de mortes e a taxa de casos de Síndrome Respiratória Grave. Nesse quesito, Alto e Médio Vale do Itajaí, além de Xanxerê, aparecem no nível grave. 

Além disso, no quesito de ocupação de UTIs, Nordeste e Oeste ainda aparecem em nível grave.

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Os decretos também mudaram. Agora, o uso de máscara está liberado em ambientes abertos em todo o Estado de Santa Catarina. Em contrapartida, eventos com mais de 500 pessoas precisam adotar protocolos de segurança, chamado de “Evento Seguro”, que engloba a apresentação da carterinha de vacinação com as duas doses ou teste negativo contra a Covid-19.

Outro ponto é a portaria publicada na terça-feira (30) que diz que não é permitida a realização de shows, festivais e apresentações com público de mais de 500 pessoas em locais ao ar livre em que não é possível aplicar o protocolo do “Evento Seguro”. A Secretaria de Estado da Saúde (SES), informou que a fiscalização é de responsabilidade dos municípios.

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Segundo o infectologista Tarcisio Crocomo, com a vacinação, é muito díficil que o cenário volte a ser o mesmo de um ano atrás.

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— Os números melhoraram muito, graças à vacinação e à melhor aderência às medidas gerais. Essa foi a mudança. A principio, esse cenário não deve se repetir. Porém, ainda estamos em pandemia e o risco permanece — explica. 

SC chega à marca de 20 mil mortes 

O Estado atingiu nesta quarta-feira (1º) a marca de 20 mil mortes por Covid-19 desde o início da pandemia. Os dados são do Painel do Coronavírus do NSC Total.

Segundo o superintendente de Vigilância em Saúde do Estado, Eduardo Macário, protocolos são estabelecidos para evitar novas perdas, mesmo em uma fase de transição para a normalidade.

— Eu acredito que essas 20 mil vidas têm que ser honradas e respeitadas, e que ao mesmo tempo os familiares dessas pessoas tenham a compreensão que os órgãos de saúde estão trabalhando duro pra salvar cada uma dessas vidas — afirma. 

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O superintendente reforça que a vacinação tem tido papel fundamental para a queda nos índices. Também nesta quarta-feira, o Estado ultrapassou a marca de 5 milhões de pessoas completamente imunizadas.

— À medida em que a vacina avançava, houve uma queda na letalidade da doença. Então, mesmo com o surgimento de uma nova variante, a Delta, que hoje já é maioria aqui em Santa Catarina, não aconteceu uma quarta onda, porque a cobertura vacinal estava alta — argumenta. 

Desde o início da pandemia, 1.233.516 casos foram confirmados. 

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