DJ solta a batida que ela só quer dançar. Trecho de uma música de MC Koringa, a levada é de funk, o som que há muito deixou de ser hit de periferia e faz a cabeça de mocinhas e mocinhos em festas abastadas na metrópole. Do morro para o asfalto. Do asfalto para dentro da academia. Aulas de ritmo viraram febre entre as mulheres ao se firmar com uma alternativa eficiente à monotonia dos treinos aeróbicos. A modalidade une gêneros populares, de versos grudentos, como axé, sertanejo, pagode e o consagrado kuduro.

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O ritmo unanimidade é o de MC Koringa, reservado, frequentemente para o final da aula de uma hora de duração.

– A aula começa com o som mais leve para aquecer. Em geral, um reggae conhecido. Depois vamos esquentando. Terminamos com o funk, que é o momento de dançar mesmo, liberar geral – comenta o professor Duda (ele prefere ser identificado pelo apelido ao nome Carlos Eduardo Montenegro Prado).

Duda trouxe do Rio de Janeiro para Florianópolis a aula Top Ritmos, que fez a cabeça das catarinenses e que também é oferecida em uma série de versões nas academias de Porto Alegre.

A faixa etária varia de 20 a 70 anos. Também não precisa ser nenhuma expert em dança. Há do atropelo de meninas na primeira aula aos movimentos cadenciado daquelas que já viciadas.

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– Nunca fui de dançar e não imaginei que gostaria de uma aula como essa. Mas é apaixonante. Sou viciada. A melhor parte é a do funk – comenta a aposentada Regina Michele Rocha, 64 anos.

Nos primeiros 30 minutos de aula, levados com muito suor, gargalhadas e um coro afinado que canta cada música, as alunas começam a pedir pelo funk. Para Duda, a grande atração é a queima de calorias com diversão. No final, rolou MC Sapão e MCLeozinho, e a sensação de catarse feminina foi geral.

Além das modalidades que envolvem ritmos, outras novidades de academias fazem a cabeça das mulheres. São aulas que unem velhos conhecidos da malhação em uma roupagens atuais e mais voltadas para a rotina atual. A bola da vez é a aula de GAP – modalidade que une exercícios localizados para glúteo, abdômen e pernas. Daí o nome GAP. O objetivo é fortalecer, tonificar e dar resistência, assim como as antigas aulas de abdominal.

A diferença é trabalhar três grupos musculares em 30 minutos. Para ser eficiente, o segredo da aula é a escolha pontual de exercícios que trabalhem mais de um grupo muscular e a atenção individualizada. A aula começa sempre com exercícios que levam à pré-exaustão dos membros inferiores. Depois disso, é que entram exercícios com peso. O objetivo é deixar as pernas previamente cansadas para um melhor resultado do exercício com peso.

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O abdômen é trabalhado constantemente, porque todos os exercícios são feitos com o barriga contraída. O resultado sãopernas e bumbum tonificados e “durinhos”, mas sem hipertrofia.

Prazer melhora resultados

Doutoranda em ciências do movimento do corpo e professora-colaboradora do Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício na Udesc, Carla Maria de Liz pesquisou a aderência à prática de exercícios físicos em academias e comenta que as aulas que unem dança e ginástica são ótima opção.

Donna – Qual o benefício para o corpo de malhar com dança?

Carla Maria de Liz – Estudos comprovam que praticar atividades físicas ouvindo músicas que você gosta, conhece e fazem parte do seu repertório interfere diretamente no desempenho do praticante. Aumenta a motivação e é um dos grandes aliados para que a pessoa não pare de malhar.

Donna – A aula de ritmo substitui outras aulas aeróbicas?

Carla – Sim. As aulas de dança são totalmente aeróbicas. Qualquer tipo de exercício que acelera o batimento cardíaco queima calorias. No caso da dança, como ela está se divertindo, às vezes, queima sem nem perceber.

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Donna – Qual a interferência da diversão ou prazer durante a malhação?

Carla – O organismo libera mais serotonina e também adrenalina, um neurotransmissor e um hormônio (respectivamente) que potencializam o benefício do exercício. A atividade física perde a característica de monotonia, de estresse ou de obrigação, e o empenho do praticante na atividade é maior, melhorando seu resultado.

Esteira com graça

A monotonia da esteira pode ser quebrada com a Running Class, aula de corrida na esteira. O professor Bruno Honorato monta uma aula em blocos, alternando velocidade e inclinação da esteira e criando a sensação de corrida em uma subida.

A fisioterapeuta Maíra Junkes Cunha, antes adepta das aulas de bike, se apaixonou pelo running class. Com o suor pingando no rosto, ela descreve:

– Faço duas vezes por semana há dois meses e já percebo melhora no meu condicionamento físico. É melhor que a bike, e eu jamais faria esteira se não fosse por essa aula. Como o professor fica junto e vai mudando a corrida, o exercício na esteira não fica chato – afirma.

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A aula dura 45 minutos e começa com caminhada. O professor vai aumentando a velocidade na esteira e também a inclinação. 90% dos alunos são mulheres. Honorato explica que além da melhora do condicionamento físico, um dos grandes benefícios da aula é para o sistema cardiovascular.

Aula franqueada

Sh’bam é outra ramificação da dança como uma aula em academia. As músicas são internacionais, com sons de Rihanna, Beyoncé e Lady Gaga – unindo ritmos como POP, dance music e reggaeton. Queima-se em média 450 calorias por aula de 45 minutos.

O Sh´bam é uma criação do grupo Les Mills, da Nova Zelândia. Donos de aulas como bodycombat e bodypump, a empresa de fitness se especializou em criar e vender aulas. No Brasil, a franqueada da empresa é o grupo Body System. A cada três meses, as academias recebem novos programas da aula para inovar a modalidade.

Zumba é a tendência do verão

A aposta das academias brasileiras para o verão é a Zumba. A aula mistura treinamento de resistência com ritmos latinos, como salsa, merengue e cumbia, além de incluir elementos de funk e hip hop. É febre nos Estados Unidos e começa a se disseminar por aqui como a grande aposta de 2013. A Zumba trabalha músculos que as mulheres adoram como glúteos, coxa e abdômen. Além de ser uma aula aeróbica que queima calorias.

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