Ao redor do mundo, países começam a aplicar vacinas contra a Covid-19. O primeiro plano de imunização colocado em prática foi o do Reino Unido, na terça-feira (8). China e Rússia também já aplicam doses de imunizantes em casos específicos. Esses avanços geram expectativas também em brasileiros que moram no Exterior.
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Em meio à mobilização mundial pela vacina, catarinenses que vivem em países onde já há uma estratégia de imunização definida relataram ao Diário Catarinense como a população local reagiu após as primeiras pessoas serem vacinadas. O grupo falou ainda sobre como a rotina de cuidados se mantém mesmo após a imunização de parte da população.
A Covid-19 matou até esta quinta-feira (10) mais de 1,5 milhões de pessoas no mundo. A vacinação, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma importante ferramenta contra a doença.
No Brasil, ainda não há uma data para início da vacinação nacional. O Ministério da Saúde chegou a lançar um plano preliminar onde informou que a primeira fase imunizará profissionais da área da saúde, idosos e à população indígena. Contudo, não há uma data preestabelecida.
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Nesta quinta-feira (10), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a autorização temporária de uso emergencial para vacinas contra a Covid-19. O uso deve ser em caráter experimental.
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O governo de São Paulo, que trabalha na produção da Coronavac, pretende começar a imunização no dia 25 de janeiro. A data coincide com o aniversário da capital paulista e o plano é vacinar primeiro idosos, quilombolas e indígenas.
Em Santa Catarina, o governo do Estado vai aderir a um plano nacional. Já a Federação Catarinense de Municípios (Fecam) fechou um acordo para comprar doses da Coronavac do governo de SP. Ainda há poucos detalhes definidos sobre a distribuição dessas vacinas no futuro.
Enquanto isso, para os brasileiros que moram no Reino Unido, na China e na Rússia, há uma expectativa de volta à vida normal nos próximos meses. Confira o que eles disseram.
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Reino Unido
Mariane Pansera, 32 anos, está há um ano e meio em Londres, na Inglaterra. Natural do Paraná, ela se mudou para Florianópolis com objetivo de estudar Farmácia, na UFSC. Antes de embarcar para o país europeu, Mariane morava na capital catarinense.
Em Londres, ela trabalha no Saint George’s, um dos sete hospitais que receberam as primeiras doses da vacina contra a Covid-19. Durante o pico da pandemia, a unidade precisou realocar seus profissionais, e Mariane chegou a atuar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), próxima a pacientes graves da doença.
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A farmacêutica conta que a unidade recebeu cerca de 900 doses da vacina nesta semana. Segundo ela, a previsão é que a quantidade seja utilizada em até cinco dias. A vacina é aplicada em duas doses.
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O cronograma no Reino Unido prioriza a vacinação de idosos com mais de 80 anos, funcionários de lares de repouso e do NHS (Serviço Nacional de Saúde, em livre tradução).
Mariane, que se enquadra na última categoria, ainda não foi vacinada.
— Eu acredito que no final do mês ou no máximo no início de janeiro eles já consigam chegar em todos os profissionais de saúde — comenta.
Natural de Palhoça, Salésio Beltrame Júnior, 29 anos, vê na vacina uma chance de retomar a vida normal. O jardineiro, que mora sozinho em Londres há dois anos, conta que as medidas sanitárias seguem impostas mesmo com a vacinação começando.
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— Mesmo com o anúncio da vacinação, o governo está tentando manter o máximo de restrição possível pela questão de a gente ainda estar na estação de inverno. A proliferação do vírus é muito alta ainda, e o governo decidiu imunizar três grupos primeiro — comenta.
Salésio relata que houve um afrouxamento há poucos dias, que permitiu a volta no funcionamento de alguns setores de serviços. Contudo, academias e festas seguem proibidas. Ele acredita que as medidas mantidas de restrição já adotadas serão mantidas nos próximos meses.
No Reino Unido foram notificados mais de 1.766.819 casos até esta quinta-feira. Entre os infectados está a designer de moda Jéssica Orso, 29 anos. Natural do Rio Grande do Sul, ela morou em Araranguá, no Sul de Santa Catarina, dos três aos 26 anos.
Jéssica conta que há uma grande divulgação da campanha de vacinação. Nos jornais impressos e na televisão são frequentes as notícias informando sobre as etapas de imunização. A estimativa é que 20 milhões de pessoas sejam vacinadas.
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Rússia
A Rússia começou, no último sábado (5), a vacinar profissionais de saúde, assistentes sociais e professores. A vacina aplicada é a Sputnik V, que ainda está na terceira etapa de testes clínicos.
Natural de Florianópolis, Simão Vieira Simões, 30 anos, mora em Ulyanovsk — localizada a 800 km de Moscou — há um ano. O professor de inglês conta que em abril já circulavam boatos de que uma vacina estaria sendo desenvolvida. Contudo, o anúncio oficial do governo só aconteceu em agosto.
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A Sputnik V, aplicada em duas doses com 21 dias de intervalo, é gratuita para cidadãos russos e administrada voluntariamente.
Simão comenta que em outubro houve um endurecimento nas regras sanitárias no país. Depois de um verão com afrouxamentos e liberações, o uso de máscaras e luvas no transporte público, por exemplo, voltou a ser obrigatório.
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A data do endurecimento das medidas coincide com o período em que Simão contraiu o vírus. No dia 12 de outubro, ele apresentou os primeiros sintomas: perda de paladar e olfato.
O professor foi tratado pelo serviço de saúde do país e teve sua quarentena individual monitorada por um aplicativo por duas semanas. Para comprovar que não saia de casa, ele tinha que tirar de três a cinco fotos por dia em sua residência.
China
Morador de Guilin, no Sul da China, Felipe Gaspar Durante, 30 anos, conta que a vacinação é realidade apenas para casos de emergências no país. No estado onde mora, cerca de 1 milhão de pessoas foram imunizadas.
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O engenheiro de produção cresceu em Tubarão, no Sul de Santa Catarina. No país asiático, Felipe mora há um ano e meio e grava vídeos atualizando informações sobre a pandemia.
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A China ainda não tem data para vacinar seus mais de 1 bilhão de habitantes, mas já faz uso emergencial de doses. A vice-primeira-ministra, Sun Chunlan, anunciou a ampliação dos grupos de imunizados, incluindo trabalhadores que atuam em locais de alto risco.
Mesmo sem uma vacinação ampla, Felipe conta que a rotina já é mais parecida com a normalidade de antes da pandemia.
— De modo geral, dentro da China a gente pode viajar para qualquer lugar. No trabalho ninguém usa máscara. Porque quando tem um caso a China rastreia todos os contatos daquela pessoa. Testa todo mundo e coloca em quarentena — afirma.
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