*Por Reynaldo Turollo Jr., Fábio Fabrini E Rubens Valente

Um dos presos pela Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (23) sob suspeita de ter hackeado celulares como o do ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, DJ Gustavo Henrique Elias Santos, 28 anos, disse a seu advogado que um amigo também preso mostrou a ele mensagens de autoridades obtidas ilicitamente.

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Elias Santos e sua mulher, Suelen Oliveira, também presa, negaram ao advogado qualquer participação no ataque hacker a celulares de autoridades, como de Moro e do coordenador da força-tarefa da Lava-Jato Deltan Dallagnol. O amigo preso que teria mostrado o celular a ele é Walter Delgatti Neto.

— O próprio Vermelho (apelido de Delgatti Neto) mostrou algumas coisas para ele (Santos), e ele se assustou e falou: "Meu, cuidado com isso aí porque pode dar problema". Na verdade, ele não acreditou naquilo, mas, pelo que foi narrado, mostraram algo para ele a respeito disso (invasão do celular de Moro) — disse o advogado Ariovaldo Moreira.

— Ele (Elias Santos) vai contar exatamente o que aconteceu para a autoridade policial — disse o advogado.

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Elias Santos e Suelen estão detidos numa cela de passagem da PF localizada no aeroporto de Brasília, onde passaram a noite. Além de Elias Santos, Suelen e Delgatti Neto, o quarto preso é Danilo Cristiano Marques. Todos são naturais de Araraquara (SP), mas viviam ultimamente em cidades diferentes.

Segundo a PF, os mandados de prisão foram cumpridos nas cidades de São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto (SP).

Conforme o advogado de Elias Santos, na casa dele foram apreendidos objetos pessoais, celular e uma quantia em dinheiro proveniente de negócios com Bitcoins. O advogado do casal se queixou que eles demoraram a ter autorização para ligar para a defesa e viajaram de São Paulo a Brasília algemados.

— (Elias Santos) tentou falar comigo a todo o tempo, da casa dele até a PF de São Paulo, e a todo momento: "cala a boca, você aqui não tem direito a nada". Foi essa frase que ele me falou — disse o advogado Moreira.

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O jornal Folha de S.Paulo apurou que a PF chegou aos suspeitos por meio da perícia criminal federal, que conseguiu rastrear os sinais do ataque aos telefones. Para investigadores, o grau de capacidade técnica dos hackers não era alto.

A investigação, segundo a reportagem apurou, ainda não conseguiu estabelecer com exatidão se o grupo tem ligação com o pacote de mensagens privadas dos procuradores da Lava-Jato obtido pelo site The Intercept Brasil.

Inicialmente, o inquérito em curso foi aberto em Brasília para apurar o ataque a aparelhos do ministro Sergio Moro, do juiz federal Abel Gomes — relator da Lava-Jato no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) —, do juiz federal no Rio de Janeiro Flávio Lucas, e dos delegados da Polícia Federal (PF) em São Paulo Rafael Fernandes e Flávio Reis.

Segundo investigadores, a apuração mostrou que o celular do coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, também foi alvo do grupo. O caso de autoridades da Lava-Jato em Curitiba está sendo tratado em inquérito aberto pela Polícia Federal no Paraná.

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Entenda a operação da Polícia Federal

Qual o resultado da operação da PF?

Nesta terça (23), quatro pessoas foram presas sob suspeita de hackear telefones de autoridades, incluindo Moro e Deltan. Foram cumpridas 11 ordens judiciais, das quais sete de busca e apreensão e quatro de prisão temporária nas cidades de São Paulo, Araraquara (SP) e Ribeirão Preto (SP). Os quatro presos foram transferidos para Brasília, onde prestariam depoimento à PF.

As prisões têm relação com as mensagens trocadas entre Moro e procuradores da Lava-Jato divulgadas desde junho pelo site The Intercept Brasil?

A investigação ainda não conseguiu estabelecer com exatidão se o grupo tem ligação com o pacote de mensagens. Também não há provas de que os diálogos, enviados ao Intercept por fonte anônima, foram obtidos a partir de ataque hacker.

Como a investigação começou?

Inicialmente, o inquérito em curso foi aberto em Brasília para apurar o ataque a aparelhos do ministro Sergio Moro, do juiz federal Abel Gomes — relator da Lava-Jato no TRF2 —, do juiz federal no Rio de Janeiro Flávio Lucas, e dos delegados da Polícia Federal (PF) em São Paulo Rafael Fernandes e Flávio Reis. Segundo investigadores, a apuração mostrou que o celular de Deltan também foi alvo do grupo.

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Quando Moro foi hackeado?

Segundo o ministro afirmou ao Senado, em 4 de junho, por volta das 18h, seu próprio número lhe telefonou três vezes. De acordo com a Polícia Federal, os invasores não roubaram dados do aparelho.

O site The Intercept afirma que não há ligação entre as mensagens e o ataque, visto que o pacote de conversas já estava com o site quando ocorreu a invasão.

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