A celebração do Espírito Santo em Santa Catarina ilustra a maior expressão da transnacionalidade cultural a partir da epopeia dos ilhéus, açoriano e madeirense, para o Sul do Brasil. Sua intensa celebração no litoral configura o Ciclo do Divino, verdadeiro patrimônio cultural e espiritual do povo.
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É a grande festa da partilha, da comunhão, da liberdade e da alegria. Uma tradição abençoada por 269 anos e que continua viva. Tão viva e forte como marca identitária que está salvaguardada pela força da lei em alguns municípios catarinenses. São José ¿da terra Firme¿ já fez o seu registro no Livro das Celebrações. No âmbito do Estado, temos o exemplo de Jaguaruna que, de acordo com o Art. 3200 da Lei Orgânica, no ano de 1990 promulgou a Festa do Divino Espírito Santo como Patrimônio Cultural do Município.
No momento, encontra-se na Fundação Catarinense de Cultura, na Diretoria de Patrimônio, a proposta de Registro da Festa do Divino Espírito Santo que, desde 1775, ocorre na Capela do Divino, no centro de Florianópolis. Espera-se que muito em breve seja reverenciada e alçada como Bem Cultural Imaterial de Santa Catarina por seu reconhecido valor histórico, religioso e cultural, conforme dispõe o Decreto n° 2504 de 25/9/2004 de SC.
Presente em distritos e bairros de Florianópolis, a Festa adentra o século XXI mantendo características seculares. As transformações decorrentes da dinâmica cultural, da crescente urbanização, não provocaram, neste correr dos anos, alterações substanciais na forma de celebrar o Espírito Santo. Muito menos se afastaram da essência do culto ao Paráclito.
Hoje, observa-se a existência de práticas coletivas de comemorar o Divino que, de forma indelével, nos remetem à tradição açoriana ainda presente em muitas localidades de SC. Pelo Estado afora, nas bordas do Atlântico e sobretudo na Grande Florianópolis, é intensa a devoção e o louvor ao Divino. Afinal, reza a tradição: não se diz não ao Espírito Santo.
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Então, deixa a Bandeira do Divino passar!
*Lélia Pereira Nunes é escritora e mora em Florianópolis