Posições diferenciadas quanto à regulação dos mercados financeiros e, principalmente, o clima de despedida do atual governo dos Estados Unidos reduzem as expectativas quanto a grandes decisões na cúpula de líderes do G-20, que será realizada neste sábado, em Washington.

Continua depois da publicidade

Mas a simples articulação entre as economias que representam 90% do PIB mundial já é considerada uma novidade. E um avanço. Foi justamente a ação coordenada que permitiu, no mês passado, estancar a sangria dos mercados financeiros.

Reunidos em Washington no dia 10 de outubro, os líderes do G-7 (os sete países mais industrializados do mundo) tomaram a decisão política de usar todos os instrumentos disponíveis para impedir a falência de instituições financeiras consideradas de importância sistêmica.

Poucos dias depois, o Federal Reserve (o banco central americano) fechou acordos para garantir liquidez em dólares aos bancos centrais da Austrália, Canadá, Dinamarca, Inglaterra, Japão, Nova Zelândia, Noruega, Suécia, Suíça e o BC europeu.

No dia 29 de outubro, nova medida do FED: o banco criou uma linha com US$ 30 bilhões para swap com cada um dos bancos centrais do Brasil, México, Coréia do Sul e Singapura.

Continua depois da publicidade

No mesmo dia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou uma linha de crédito, sem condicionantes, para países em desenvolvimento com economia sólida e problemas temporários de liquidez.

As ações acalmaram os mercados e devolveram certa liquidez. Agora, a preocupação é com os efeitos da crise financeira sobre a economia real, com a previsão de queda no comércio internacional, recuo da atividade produtiva e desemprego.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a perspectiva é de um aumento imediato de 10% no desemprego, especialmente nos país mais pobres. O Banco Mundial acaba de rever suas previsões de crescimento para 2009.

Para os emergentes, a previsão recuou de 6,4% para 4,5% em média. Para as economias desenvolvidas, a perspectiva é de retração de 0,1%. A média de crescimento mundial, em 2009, deve ser de apenas 1%.

Continua depois da publicidade

As atuais estimativas indicam que a queda de 1% no crescimento dos países em desenvolvimento empurra mais 20 milhões de pessoas para a pobreza. Cem milhões de pessoas já passaram da condição de pobreza devido aos altos preços dos alimentos e do petróleo, alerta documento, divulgado pelo Banco Mundial na última segunda-feira.

Entenda a crise