Converteu-se em um enredo de folhetim policialesco a investigação em torno da morte do procurador federal Alberto Nisman, que vem abalando a Argentina desde segunda-feira. Os peritos não se entendem sobre as apurações, divergem a todo momento e apresentam conclusões diferentes umas das outras.
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A confusão pode ser medida pelo exame de balística com a pistola Bersa calibre .22 – marca de arma fabricada na Argentina desde 1958, de qualidade questionada no mercado internacional. Na sexta-feira, foi divulgado por fontes da Polícia Federal que o tiro ocorrera a 15 ou 20 centímetros de distância da cabeça de Nisman. Por dedução, poderia não ser suicídio.
Menos de 24 horas depois, no entanto, a promotora federal encarregada de investigar a morte de Nisman, Viviana Fein, revelou que o disparo foi a “não menos de um centímetro”. O cano da pistola teria sido apoiado contra a orelha da vítima. Viviana baseia-se na autópsia do corpo.
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Não são apenas os 15 centímetros do disparo com a pequena Bersa que separam os peritos. Também há mais de uma versão para o horário da morte de Nisman, que foi encontrado no banheiro do apartamento onde morava, no elegante bairro de Puerto Madero, um dos mais valorizados de Buenos Aires. Uns apontam que foi pelo meio-dia do dia 18, domingo. Outros que teria sido à noite.
As investigações prosseguem, tocadas por diferentes órgãos. Há um entra e sai de policiais no apartamento onde Nisman vivia, num condomínio de três torres de 43 pavimentos de altura, chamado Le Parc. Buscam, por exemplo, as imagens das 160 câmeras de vigilância do circuito interno. Mas, como ocorre no Brasil, a maioria dos aparelhos não funcionava no momento da morte.
Divorciado, pai de duas filhas, 51 anos, Alberto Nisman foi encontrado morto na segunda-feira, dia 19. Horas depois, iria apresentar denúncia contra a presidente Cristina Kirchner, no Congresso Nacional. Preparara um relatório sobre a suposta participação da mandatária nas tentativas de encobrir as investigações sobre o atentado antissemita contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), perpetrado em 1994 e que causou 85 mortes.
Rotina de Buenos Aires continua aparentemente igual depois da morte do procurador: