Para médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e outros profissionais na linha de frente do atendimento de milhares de infectados, os desafios da pandemia do coronavírus vão além da estrutura hospitalar. A distância necessária entre pacientes e familiares e as preocupações do profissional com a própria saúde e a contaminação de suas famílias estão entre as imposições de um vírus ainda sem vacina e de fácil transmissão.
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Com pacientes afastados até de parentes próximos, os profissionais de saúde se tornam o único contato em um momento de extrema fragilidade, como relatou o cardiologista Nathan Faraco em entrevista ao Bom dia SC.
– A partir do momento em que ele entra no atendimento, ele não consegue ver mais o rosto de ninguém, todos de máscara e de luva, fica distante dos familiares. A gente tenta passar um pouco de conforto em cada momento em que entra no quarto, em que conversa com ele, às vezes até por telefone, durante a internação. A gente tenta amenizar o sofrimento dele – relatou.
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Depois de uma média de 15 dias de internação em UTI, e de muitas complicações, a recuperação e saída do hospital dá novo significado para o enfrentamento, relatou o médico Nathan.
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– É o que faz a nossa profissão, a nossa vida valer a pena. Existe um desafio diferente, que é o dos familiares. A partir do momento em que os pacientes entram no hospital, os familiares ficam distantes deles. Então, eles não vêem, não podem visitar, não conseguem nem trocar mensagem- disse.
– Então, as famílias pedem, e a gente faz questão de pedir também que mandem áudios, músicas que o paciente possa gostar. Isso traz conforto pro paciente e pra família também – afirmou.
Além de priorizar o atendimento dos pacientes, os profissionais ainda convivem com os riscos de se contaminarem e transmitirem o vírus para suas famílias. Por tudo isso, ver em alguns momentos o descaso de uma parcela da população com as orientações sanitárias para evitar infecções, é assustador, para o cardiologista Nathan Faraco.
– O problema é que a partir do momento em que se abriram portas, para voltar a uma vida mais normal, a população teve dificuldade pra entender que essa vida mais normal era um pouco longe daquilo que a gente tinha anteriormente. Quanto mais ficarmos reclusos, mais nos cuidarmos melhores resultados teremos. É angustiante ver gente ruim (doente), ver faltar leitos, estrutura e todo mundo na rua, como se não estivesse acontecendo nada – declarou.
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