Quem navegava com conforto na internet há até pouco tempo pode ter enfrentado solavancos recentes. Assim como a freeway nos fins de semana do verão gaúcho, os caminhos virtuais andam congestionados pelo aumento do tráfego. A disseminação de dispositivos de acesso e o aumento de carga pesada na rede exigem constantes ampliações da capacidade, nem sempre feita na mesma velocidade da demanda dos usuários.

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– Aumentou a expectativa de ter uma experiência plena, e a natureza do consumo de banda larga mudou do dia para a noite. Há três anos quase só se usava desktop, hoje temos laptops, tablets, smartphones, vídeos com mais qualidade e maior duração – diagnostica Rodrigo Dienstmann, diretor do segmento de operadoras da Cisco do Brasil.

Essa avaliação é corroborada por Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação (NIC) do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI). Mesmo explicando que a alocação de recursos para a banda larga é feita de forma estatística, ou seja, considera que nem todos vão usar todo o limite contratado o tempo todo, admite que o aumento de demanda causou um desequilíbrio no modelo de negócios:

– Com mais gente na rede e a mudança recente do tipo de tráfego, é possível que não tenha sido provisionada capacidade suficiente.

Getschko acrescenta que a própria definição de banda larga começa a sofrer mudanças. Afinal, o que costumava ser mais do que suficiente para transmitir e-mail e acessar textos hoje precisa suportar imagens e vídeos – até 3D com alta definição.

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– A melhor definição de banda larga é dar os ingressantes na rede uma conexão de qualidade, sempre disponível e conectada – diz Getschko.

Quem aí se sente totalmente atendido nesses critérios? Em 2010, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) divulgou um levantamento que caracteriza a internet no país como cara e lenta. No final do ano passado, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou que provedores de acesso à rede passarão a obedecer a metas mínimas de qualidade a partir de novembro.

Alexandre Buaes sofre com quedas constantes na conexão

Alexandre Buaes tinha uma conexão à internet rápida e estável até três meses atrás. O técnico em informática assina um plano de 10 mega e usa a rede tanto para tarefas profissionais quanto para lazer. As atividades, principalmente downloads, têm sido prejudicadas por quedas constantes da conexão. Depois de vários contatos com o provedor de serviços e troca do modem em dezembro, o serviço melhorou por alguns dias, mas a internet voltou a apresentar problemas.

– Eu falava com a minha irmã pelo Skype. Mas, de uns três meses para cá, não consigo mais usar. Notei que os mais afetados pela queda na conexão ou na velocidade são os programas de voz – observa Buaes, que usava o programa para economizar na conta telefônica.

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As falhas constantes na conexão também irritam o filho de Buaes, Arthur, 14 anos. Em férias, ele usa o computador para jogar, mas tem o desempenho nas partidas afetado toda vez que a internet cai. O pai está em contato com o provedor. Enquanto espera pelo diagnóstico e pela solução, enfrenta pelo menos uma queda na conexão por dia.

* Colaborou Marina Goulart