Casas abandonadas a mando de criminosos, bandos a mãos armadas ameaçando moradores e um silêncio imposto pelo medo de represálias em Florianópolis. Relatos de moradores da comunidade do Siri, nos Ingleses, descrevem um cenário de terror em meio às quatro mortes registradas na região desde o fim de semana, no norte da Ilha.

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Familiares de Fábio Menezes, assassinado na madrugada de domingo, e de Marcos Antônio da Silva Junior, que era primo de Fábio e foi morto no domingo à tarde, se viram obrigados a deixar a localidade após sofrerem fortes intimidações. Marcos também tentava deixar a comunidade quando foi surpreendido e executado.

Ele estava junto de Leonardo Morche Garcia, também morto a tiros na mesma ocasião. Relatos repassados à reportagem apontam que pelo menos 11 casas, todas de parentes das vítimas, foram desocupadas no fim de semana. As famílias teriam saído às pressas, sem sequer levar seus pertences. Os mesmos locais já estariam ocupados por outras pessoas.

Grupos rivais querem dominar o tráfico

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As primeiras ameaças ocorreram ainda durante o velório de Fábio, quando homens armados foram vistos nos arredores da igreja anunciando que seriam integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Houve pressa para encerrar a cerimônia porque até funcionários da funerária se sentiram ameaçados.

Os relatos reforçam a tese de que as três mortes ocorreram devido a uma disputa entre facções. De acordo com a Delegacia de Homicídios da Polícia Civil, há uma briga entre o PCC e o Primeiro Grupo Catarinense (PGC). Ambos tentam dominar os pontos de tráfico da região. Na madrugada de ontem, uma troca de tiros em meio ao centrinho dos Ingleses resultou em mais uma morte no bairro, a quarta desde o fim de semana.

Como resposta, a Polícia Militar ocupou ainda no fim de semana as ruas do Siri e pretende seguir no local até que os ânimos se acalmem. Além do Siri e do Papaquara, onde a turista gaúcha Daniela Scotto foi morta com um tiro no dia 1o de janeiro, a PM preocupa-se com outras duas regiões críticas do Norte da Ilha: Vila União, na Vargem do Bom Jesus, e Travessão, no Rio Vermelho. As quatro, além da vulnerabilidade social, se deparam diariamente com a disputa entre traficantes.

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– Acionei toda a equipe de inteligência para fazermos uma força-tarefa nas regiões em conflito. O momento é delicado. Estamos pensando em proteger a população, que está à parte da disputa pelos pontos de tráfico – revelou o comandante do 21o Batalhão da PM no norte da Ilha, tenente-coronel Sinval Santos da Silveira.

Um dos principais redutos de turistas no veraneio em Santa Catarina, o norte da Ilha abriga as praias dos Ingleses, Canasvieiras, Cachoeira do Bom Jesus, Santinho. O Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope) fez patrulhas no Siri no domingo e manterá a presença nos próximos dias, além das barreiras na entrada e saída da comunidade. Também haverá presença de policiais dentro do Siri.

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