Ainda não há sinal de impacto internacional, mas a paralisação parcial da produção de fabricantes japonesas na China acendeu sinais de alerta. A mais concreta consequência econômica de uma disputa entre China e Japão, que têm uma guerra no passado, pode agravar os sinais de desaquecimento na atual locomotiva mundial.

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As montadoras Toyota, Nissan e Honda paralisaram parte da produção, assim como empresas de tecnologia Panasonic, Canon e Sony. Conforme as companhias, a intenção foi garantir a segurança dos funcionários.

A Toyota emprega quase 26 mil pessoas e fabrica cerca de 800 mil veículos por ano na China. A Nissan parou a produção em duas unidades, mas manteve em uma terceira. No ano passado, a empresa japonesa fabricou mais de 1 milhão de veículos na China. Com produção de 900 mil veículos por ano em território chinês, a Honda decidiu suspender a produção em suas cinco fábricas.

Grandes redes comerciais baixaram as portas por todo o pais, e cidadãos japoneses evitaram sair às ruas. Na unidade de Nanquim da popular rede de lojas de roupa Uniqlo, um pequeno cartaz avisava que o motivo do fechamento era “balanço”.

Na onda antijaponesa, autoridades chegaram a sugerir que a China usasse títulos da dívida japonesa para retaliar. Pequim é o maior credor de Tóquio, com US$ 230 bilhões em papéis.

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A tensão entre as duas maiores economias da Ásia também é um incômodo diplomático para os Estados Unidos. Apontados com aliados naturais dos nipônicos, os americanos não querem se indispôr com os chineses. Na década de 1970, a existência de potenciais reservas de petróleo e gás na região acirrou a cobiça sobre as ilhas.

Como começou

Antigas divergências voltaram a ganhar força com o anúncio da compra, pelo governo do Japão, de três ilhas em território chinês, chamadas Senkaku no Japão e Diaoyu na China.

As áreas, que pertenciam a proprietários japoneses, foram nacionalizadas.

Na prática, significou avanço japonês sobre território chinês, o que o governo de Pequim considerou um ato de “série violação à soberania” e respondeu com o envio de navios de guerra para patrulhar a área.

Em Pequim, milhares de chineses fizeram manifestação em frente à embaixada japonesa, pelo 81º aniversário da invasão japonesa ao país.

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Em 1931, forças japonesas invadiram a China e, entre 1937 e 1945, foi travada a II Guerra Sino-Japonesa, que só terminou com a rendição dos japoneses aos Aliados em setembro de 1945, depois do lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki.