A dificuldade para manter uma ereção foi adicionada à lista de possíveis sequelas da Covid-19. Segundo especialistas, o distúrbio pode acontecer como consequência da ação direta do vírus nos vasos sanguíneos ou da ansiedade e da depressão que a doença deixa para trás quando o evento é muito traumático — com longas internações e dificuldades para recuperação da saúde.
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Os dados disponíveis sobre a relação entre a Covid-19 e a disfunção erétil permitem dizer que ela é possível, mas ainda faltam estudos para que os mecanismos sejam totalmente conhecidos.
Depois de mais de um ano dentro da pandemia, os especialistas veem a Covid-19 hoje como uma doença sistêmica, com consequências espalhadas pelo corpo que podem durar após a infecção aguda. Um estudo realizado com quase 4 mil pessoas que tiveram a Covid-19 identificou mais de 200 sintomas da chamada Covid longa, que permanece após a infecção aguda. O artigo foi publicado nesta semana na revista científica The Lancet.
Ainda em 2020, um grupo de cientistas alertou para a possibilidade de que algumas pessoas poderiam sofrer, em algum nível, perda de função sexual, especialmente pelo potencial de dano ao endotélio (tecido que reveste os vasos sanguíneos). Como a Covid pode agravar doenças cardiovasculares, o risco do surgimento de disfunção erétil também cresce, escreveram os cientistas em um artigo no periódico científico Journal of Endocrinological Investigation.
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Em maio deste ano, um grupo de pesquisadores da Escola Miller de Medicina, ligada à Universidade de Miami, nos Estados Unidos, mostrou que o coronavírus Sars-CoV-2 pode ser encontrado no pênis mesmo após a doença. Na revista científica The World Journal of Men’s Health, os cientistas afirmam que os danos causados pela Covid nas células do endotélio podem contribuir para a disfunção erétil.
— É uma condição que pode ocorrer por uma conjunção de fatores após a Covid —afirma o urologista Marco Lipay, doutor em urologia pela Unifesp e titular da Sociedade Brasileira de Urologia.
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O médico conta que tem recebido pacientes que se queixam da dificuldade de manter ereção após a infecção pelo coronavírus.
— O paciente pode ter um processo inflamatório na microcirculação que resulta em falha de ereção; mas há ainda outros fatores, como alteração no olfato (que está ligado ao estímulo sexual) ou inseguranças que aparecem com a condição física ainda um pouco debilitada e que compromete a performance sexual — diz o médico.
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A boa notícia é que o distúrbio não parece ser permanente, de acordo com Lipay. Segundo o médico, o tratamento com remédios para ereção (como sildenafila e outros) tem dado bons resultados. Para alguns pacientes, porém, o tratamento deve incluir hormônios e acompanhamento de outros especialistas, como psicólogos, nutricionistas e educadores físicos.
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Se a condição é detectada, Lipay diz que um urologista deve ser procurado o quanto antes.
— Postergar o tratamento vai tornar difícil a busca por uma solução. É melhor fazer o diagnóstico e tratar cedo do que esperar que maiores inseguranças apareçam — conclui o urologista.
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