O estudo sobre identidade de gênero não fará mais parte do Currículo de Base da Educação Infantil e Fundamental do Território Catarinense. O governador Carlos Moisés da Silva (PSL) cedeu à pressão política na noite da última quarta-feira e pediu que fossem retiradas do documento as expressões ligadas ao tema.
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A decisão, no entanto, é vista com preocupação por profissionais da educação que consideram o assunto importante em sala de aula.
O secretário de Educação de SC, Natalino Uggioni, acatou ao pedido de Moisés e afirmou que a ideia é "garantir que não exista nenhum conteúdo de ideologia de gênero nas escolas". Disse, também, que a expressão correta a ser utilizada seria "conhecimento do corpo humano".
O assunto gera polêmica. Ao Jornal do Almoço, da NSC TV, a doutora em educação Jimena Furlani explicou que "ideologia" não é o mesmo que "estudo de gênero" e "identidade". Para a especialista, os significados dos termos têm sido confundidos.
— Estudo de gênero é uma área do conhecimento das ciências humanas sociais que surge na década de 80 e que começa a questionar a relação entre homens e mulheres e, portanto, questionar uma série de modelos sociais que levam à desigualdade entre homens e mulheres, ao preconceito, e à discriminação — explica Jimena.
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A doutora em educação esclarece que, quando se discute com adolescentes o tema identidade de gênero, se contribui para que eles exerçam alteridade, se coloquem no lugar do outro, se sensibilizem com a existência das diferenças e respeitem.
— Discutir na escola a identidade de gênero é discutir diversidade sexual. É uma visão de mundo. É a visão de uma sociedade de respeito às diferenças — afirma.