Renato Igor (interino)

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A suspensão do porte de armas nas guardas municipais de Tubarão e Florianópolis e a indefinição sobre o uso de armas letais pela guarda de Criciúma retomam o debate sobre o papel destas instituições. No início, quando foram criadas, as guardas atuavam desarmadas. O Brasil mudou, os bandidos estão cada vez mais ousados, não respeitam voz de prisão. Usam armamento pesado. O cidadão, em situação de risco ou ameaça, quando vê alguém fardado não quer saber se é um policial rodoviário federal, PM ou guarda municipal. Ele pede ajuda. E o agente público precisa estar preparado. Precisa de arma.

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Desde 2014 as guardas municipais podem atuar, também, no policiamento ostensivo. Essa função sempre foi da Polícia Militar. Há um evidente conflito no dia a dia. O discurso da integração é uma mentira. Fica no papel. É muito bonito nas entrevistas feitas em gabinetes com ar-condicionado, mas na rua é diferente. Há conflito. As ações integradas são pontuais. Há, inclusive, má vontade.

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O que o contribuinte não tolera é a falta de planejamento, otimização de recursos e que brigas com ranço de corporativismo prejudiquem o trabalho. Cada região tem as suas peculiaridades. Em Florianópolis, com efetivo pequeno, não chega a 200, a guarda é responsável pela gestão de trânsito. Não dá conta. Estraga uma sinaleira, não aparece ninguém para orientar.

A imagem que o motorista tem é que ela está na rua somente para multar. Não é verdade. São inúmeros os casos em que ela evitou crimes, apreendeu drogas e armas ou prendeu marginais atuando na Capital. Mas o cobertor é curto. Ela não tem estrutura para fazer o policiamento ostensivo. A PM faz esse trabalho há mais tempo e com contingente bem superior. Também, por isso, é preciso cooperação mútua. Agora, sem armas, a guarda de Florianópolis está cuidando do patrimônio público e dos estacionamentos – emitindo multas para quem não paga a Zona Azul. Do trânsito, ninguém cuida. A gestão é da guarda e, sem armas, ela se nega a esta função devido ao risco de enfrentamento com marginais. A PM faz um trabalho muito bom com a estrutura que possui, mas há resistência para se integrar. Guardas denunciam que a PM negou o ingresso deles em treinamentos técnicos. Que a foto desta coluna, publicada no perfil do Facebook do guarda municipal Ricardo Pastrana, seja muito mais do que apenas uma imagem.

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