Desde o lançamento do pimeiro iPhone, em 2007, a Apple esteve no centro das atenções. Capitaneada por Steve Jobs – considerado um dos maiores gênios da indústria de inovação -, a empresa ocupou o posto de mais valiosa do mundo e encantou até mesmo os mais céticos em relação à marca. A partir de seus lançamentos, chegou inclusive a determinar o rumo da indústria tecnológica – caso do iPad, que praticamente criou o mercado de tablets no fim dos anos 2000.
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Hoje, em 2013, a empresa com base na Califórnia, nos Estados Unidos, vê concorrentes asiáticas ganhando espaço no mercado de celulares, computadores e tablets e, desde a morte de Jobs, não apresenta nenhum lançamento surpreendente, como costumava fazer. Mas, afinal, o que está acontecendo com a maçã? Para a jornalista Cora Rónai, pioneira na cobertura de tecnologia no Brasil, a Apple vive o que classifica como “uma grande ressaca??.
– Achei que a Apple não ia sentir a morte do Steve Jobs, mas, desde que ele morreu, ainda não apresentaram nada – lamenta Cora.
E não é somente a falta de inovações que vem abalando a empresa.Além das críticas dos fãs, a Apple enfrenta uma série de quedas consecutivas no valor das ações, desde setembro de 2012. No mesmo ano, a norte-americana ainda perdeu o posto de companhia mais valiosa do mundo para a Exxon Mobil. Apesar disso, a Apple ainda está muito longe da crise de 1997, quando quase fechou as portas e foi salva pela genialidade de Jobs. Em 2012, mesmo com a queda no valor das ações e a suposta falta de inovação, a empresa ostentou US$ 54 bilhões de faturamento.
Para Rafael Fischmann, editorchefe da revista MacMagazine e applemaníaco declarado, não existe crise. Fischmann acredita que o período mais discreto é normal, parte do processo de criação.
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– Realmente tem se falado nisso (crise), mas, se formos parar para pensar, o período entre os grandes lançamentos da Apple é entre três e quatro anos. Estamos no prazo – avalia.
De fato, apenas em janeiro deste ano se completaram três anos do lançamento do iPad, em janeiro de 2010. O que realmente acaba colocando a pulga atrás das orelhas de fãs e especialistas é o fato de que nenhuma grande novidade foi anunciada na gestão de Tim Cook, sucessor de Steve Jobs. Luli Radfahrer, PhD em comunicação digital, vê a empresa em um momento de manutenção, mas sem nenhum tipo de crise.
– A Apple sempre foi assim: lançou grandes produtos e depois gastou tempo aprimorando-os – avalia.
Especulações cada vez mais fortes dão conta de que o próximo passo deve ser um relógio integrado com smartphone, redes sociais, serviço de -e-mail e outras funcionalidades.
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– O que aconteceu foi uma infelicidade. A morte de Jobs veio justamente em um momento de estagnação. A Apple precisa sair disso – finaliza Cora Rónai.
Pode ser cedo para falar em crise, mas, cada vez mais, Tim Cook, sucessor de Steve Jobs, precisa se esforçar para mostrar a que veio.
Apesar das críticas, bons resultados
Enquando a Apple não surpreende o mundo com grandes inovações, applemaníacos podem ficar tranquilos em relação à saúde financeira da empresa. Com US$ 137 bilhões em recursos financeiros – entre caixa e aplicações – no final do ano passado, a companhia ainda tem muita energia para gastar na busca pela próxima grande novidade. As vendas também vão bem. Em janeiro de 2013, foram vendidos quase 23 milhões de iPads no mundo ante 15,4 milhões no mesmo mês do ano passado e a AppStore, a loja de aplicativos mobile da empresa, já está presente em 155 países.
No mercado de smartphones, mesmo com os megalançamentos da Samsung, a Apple segue na briga com a sul-coreana pela liderança nos Estados Unidos. Aliás, foram justamente os lançamentos repletos de novas tecnologias da concorrente em 2012 e 2013 que aprofundaram as cobranças por inovações. Empresa poderia estar investindo em softwares Rafael Fischmann, editor-chefe da revista MacMagazine, defende a empresa norte-americana e avalia que a pressão atual em cima da Apple é exagerada.
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– A Apple continua crescendo de forma absurda, por que não se exige tantas inovações também das outras empresas do mercado? – argumenta Fischmann. Luli Radfahrer, Ph.D. em comunicação digital, aposta que a empresa possa estar investindo no desenvolvimento de softwares mais avançados e não espera aparelhos muito surpreendentes para 2013.
– A Siri, da Apple, por exemplo, é um megassistema de inteligência artificial e segue uma nova tendência dessas empresas, que é a de desenvolver softwares. Não acredito que eles (Apple) irão lançar um smartphone muito inovador neste ano – avalia Luli.
Sobre a possibilidade de a empresa estar investindo no desenvolvimento de softwares e, por isso, viver um momento mais discreto, Cora Rónai conclui:
– Essa estagnação pode até ser um processo normal, mas a Apple nunca foi uma empresa normal, sempre se caracterizou por fazer o inesperado, inovar quando ninguém está esperando -.
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O fato é que, mesmo que outras grandes companhias estejam fazendo frente à gigante norte-americana em alguns setores, a Apple ainda tem muita gordura para queimar e tempo para reconquistar o mundo com seus produtos que contrariam o mercado e criam tendências.
*Colaborou Ângelo Passos