Os líderes palestinos voltaram a se reunir nesta segunda-feira (15) para tentar dar uma resposta às últimas ofertas do presidente americano, Donald Trump, sobre um plano de paz entre israelenses e palestinos, que rejeitam de forma unânime.

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Em um discurso no qual não escondeu sua ira, o presidente palestino, Mahmud Abbas, marcou a pauta para a reunião de dois dias do Conselho Central da Organização de Libertação da Palestina (OLP).

“O assunto do século se converteu no tapa do século”, lançou Abbas ao se referir à vontade declarada de Trump de presidir o “último acordo” diplomático entre israelenses e palestinos, depois que gerações de presidentes e diplomatas só ficaram na tentativa.

O Conselho Central da OLP, um dos órgãos da organização reconhecida internacionalmente como representante de todos os palestinos, foi convocado expressamente para responder à decisão anunciada em 6 de dezembro por Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

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Esta ruptura unilateral com o trabalho diplomático realizado durante décadas pelos Estados Unidos e pela comunidade internacional desatou uma nova espiral de violência que deixou 16 palestinos mortos.

Os palestinos interpretaram esta decisão de Trump como uma negação das demandas palestinas sobre Jerusalém Oriental, anexada e ocupada. Também consideraram esta postura de Washington como a manifestação mais flagrante de sua parcialidade pró-Israel.

Desde que Trump chegou ao poder, em janeiro de 2017, se absteve de apoiar a criação de um Estado palestino, foi mais discreto sobre a colonização israelense e esteve a ponto de fechar um escritório da OLP em Washington.

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Também ameaçou cortar a ajuda americana aos Territórios Palestinos por rejeitarem as negociações de paz.

“Quando nós negamos?”, questionou Abbas, indignado. “Deus destrua sua casa”, disse a Trump, usando uma expressão comum em árabe.

Abbas enfatizou que os Estados Unidos não tinham as credenciais para desempenhar um papel como mediador de paz. “Dissemos a Trump que não aceitaremos seu plano”, afirmou.

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– Sem margem de manobra –

Espera-se que os americanos apresentem, em um prazo ainda incerto, um plano para tentar reviver um acordo de paz. No entanto, os palestinos congelaram todo tipo de contato desde dezembro.

O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, visitará Jerusalém na semana que vem, mas ainda não se reunirá com nenhum líder palestino.

Abbas, por sua vez, se mostrou favorável a um processo com mediação internacional.

Para esta segunda-feira, o Conselho Central da OLP teria que alcançar uma declaração comum, mas entre a pressão americana e as divisões palestinas, a margem de manobra da organização parece bem limitada.

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Abbas assegurou que o processo de paz de Oslo fracassou por culpa de Israel e que todas as opções estavam sobre a mesa.

No entanto, não se referiu a duas possibilidades que foram mencionadas antes da reunião da OLP: o fim do reconhecimento de Israel e a cooperação de segurança com os israelenses.

O movimento islamita Hamas, que não faz parte da OLP e rejeitou o convite para a reunião, acusou Abbas, em comunicado, de “não satisfazer as ambições de nosso povo”.

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E parece muito pouco provável que Israel aceite outro intermediário que não os Estados Unidos.

* AFP