Os dirigentes curdos ignoraram neste domingo o apelo de Bagdá para que retirem os seus combatentes de Kirkuk antes do anoitecer e anulem o referendo de independência, condições prévias a qualquer negociação.
Continua depois da publicidade
Depois de quatro horas de negociações, o comunicado que divulgaram não faz referência à retirada dos milhares de peshmergas que Erbil diz ter colocado em alerta há vários dias.
No entanto, os reforços militares iraquianos continuavam chegando neste domingo ao sul da província de Kirkuk, onde se encontram as jazidas de petróleo, patrulhadas por tanques e veículos blindados, constatou a AFP.
Neste domingo, o presidente iraquiano, Fuad Masum, que é curdo, viajou de Bagdá para o Curdistão. Havia dado um novo prazo para as forças curdas deixarem as posições que ocupam há três anos e onde o governo central iraquiano quer realocar suas tropas.
Continua depois da publicidade
O novo prazo vai expirar nas próximas horas, indicou uma fonte curda, deixando pairar novamente a ameaça de violência. O ultimato anterior de Bagdá foi prorrogado de sábado para domingo.
No comunicado de cinco pontos, o Partido Democrático Curdo (PDK) do presidente da região autônoma, Masud Barzani, e seu rival da União Patriótica do Curdistão (UPK), o partido de Masum, advertiram sobre “as intervenções militares ou movimentação das tropas”, que “constituem uma ameaça a todo esforço sério de alcançar uma solução pacífica aos problemas”.
Ambos se declaram “dispostos ao diálogo”. Mas Hemin Hawrami, conselheiro de Barzani, advertiu no Twitter que “rechaçam condições prévias” a essas discussões.
Continua depois da publicidade
“O PDK e o UPK rejeitam todos os pedidos de anular os resultados do referendo”, detalhou, respondendo a declarações feitas na véspera de uma fonte próxima ao primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, que considerou que “não haverá nenhum diálogo até que anulem os resultados do referendo”.
Os peshmergas, combatentes curdos, estão divididos em dois partidos. As forças curdas presentes na província de Kirkuk, que as tropas de Bagdá querem desalojar, dependem do UPK.
Enquanto os políticos tentam encontrar uma solução, milhares de combatentes estão frente a frente nesta província localizada ao norte de Bagdá, três semanas depois do referendo organizado no Curdistão.
Continua depois da publicidade
Saad al-Hadithi, porta-voz do primeiro-ministro iraquiano, afirmou à AFP que “as forças do governo iraquiano não querem e nem podem causar danos aos civis curdos e outros, mas devem aplicar a Constituição”.
A lei, continuou, prevê que “o governo central exerça a sua soberania nas zonas que a Constituição define como disputadas (incluindo a província de Kirkuk), assim como em matéria de comércio exterior, em particular de produção e exportação de petróleo”.
Seu objetivo não é a cidade de Kirkuk, indicam as autoridades em Erbil. Querem retomar o controle das “jazidas de petróleo, uma base militar e um aeroporto”.
Continua depois da publicidade
Bagdá, cuja renda diminuiu pela queda dos preços do petróleo e pelos três anos de combate contra os extremistas do grupo Estado Islâmico, quer retomar o controle dos 250.000 barris diários de petróleo das três jazidas da província de Kirkuk: Khormala, tomada pelos curdos em 2008, Havana e Bay Hassan, tomadas em 2014.
* AFP