Uma carta aberta assinada pela diretoria do Hospital Municipal São José esquentou o clima que já estava tenso desde que, na semana passada, o procurador do Ministério Público Federal em Joinville, Davy Lincoln Rocha, anunciou o pedido de abertura de inquérito para apurar denúncias de omissão de socorro na emergência da unidade, devido à superlotação. O texto repudia as acusações do procurador que, durante visita ao hospital no dia 10, criticou a atual gestão e o diretor-geral, Armando Lorga.
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Após citar a carga de trabalho do hospital – que, segundo os diretores, não deveria ser o único responsabilizado pela saúde pública da cidade -, a carta questiona a intenção de Lincoln.
– Não nos resta outra observação a não ser a de condenar e reputar como infeliz a alegação do procurador, que comparou o hospital aos campos de concentração nazista -, diz o texto, citando o esforço dos funcionários.
– A comparação possui como único efeito denegrir a imagem do hospital e atingir a moral e a dignidade de seus servidores.
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Procurado por “AN”, Lorga afirmou que a carta foi escrita pelos quatro diretores do São José: ele; o diretor técnico, Daly da Silva Alvarez; o diretor executivo, Fabrício Machado; e o gerente administrativo, Anderson Lobo.
– Tudo o que tenho para falar, já está falado na carta -, disse.
O pronto-socorro (PS) do hospital vem enfrentando superlotação pela sexta vez no ano desde setembro, com pacientes esperando em macas. Mas, segundo Lorga, não há omissão de socorro porque o hospital nunca negou atendimento.
Ainda não instaurado por causa da greve da Polícia Federal, encerrada na semana passada, o inquérito será aberto em breve, informou o delegado Waldemar Moreno Jr., que acompanhou Lincoln na visita.
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O procurador rebateu a carta dizendo que não se referiu aos servidores quando acusou a direção do hospital de omitir socorro.
– Em nenhum momento culpei o hospital nem os servidores, que inclusive trabalham em condições insalubres. A minha admiração por eles é abnegável -, disse.
Lincoln relata que, na semana passada, servidores desabafaram com ele discretamente.
– Alguns me confidenciaram que precisam de remédio para dormir, porque fecham os olhos e ficam vendo os horrores que acontecem naqueles corredores.
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O procurador disse considerar a carta uma manobra para colocar os servidores contra o MPF.
– Esse homem (Lorga) se traveste de uma entidade abstrata (diretoria) para esconder o despreparo na administração do hospital -, disse.
Segundo o procurador, sua próxima medida será, em novembro, ajuizar ação civil para pedir o afastamento do diretor, no cargo desde maio, e a determinação de que pacientes na fila do PS tenham atendimento pago pelo SUS em hospitais particulares.
Ele garante que avisará o Ministério Público de SC para investigar se o diretor cumpre sua jornada de trabalho. Via assessoria de imprensa, o São José informou que o diretor cumpre expediente das 8h30 às 17 horas.
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