A diretora geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, advertiu nesta quinta-feira a China sobre o “problemático aumento da dívida” de outros países que participam do ambicioso projeto de infraestruturas conhecido como “rota da seda”.

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O projeto da nova “rota da seda” pode responder à “necessidade imperiosa de infraestruturas” no mundo e aportar financiamento que os países que o recebem “realmente necessitam”, reconheceu Lagarde em um fórum em Pequim sobre o gigantesco projeto.

Mas estes sócios “podem levar ao problemático aumento do endividamento (dos países envolvidos), limitando seus outros gastos à medida que os custos vinculados à dívida aumentem”, disse.

“Nos países em que a dívida pública já é elevada, uma gestão atenta em termos financeiros é crucial”, insistiu.

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O presidente chinês, Xi Jinping, lançou em 2013 o projeto conhecido como Novas Rotas da Seda com o objetivo de criar um “cinturão” terrestre acompanhado de uma “rota marítima” por meio de investimentos em projetos ferroviários, rodoviários, portuários ou no setor de energia, que incluirão a criação de parques industriais e zonas francas na Ásia, Europa Central, Oriente Médio e África.

A iniciativa, que reúne quase 70 países, tem o apoio irrestrito de Pequim. Em tese, as obras são financiadas em conjunto, mas muitas delas são amplamente custeadas por fundos chineses, o que leva alguns países ocidentais a considerar a operação como uma tentativa da China de ampliar sua influência.

De fato, os bancos públicos de desenvolvimento chineses e outras instituições do país concedem empréstimos colossais para as obras iniciadas nos países que participam do projeto, que por isto se encontrem em uma situação financeira difícil.

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O Sri Lanka, que obteve importantes créditos da China para um porto de águas profundas, se viu obrigado, em consequência do peso da dívida, a ceder o controle da infraestrutura.

Lagarde destacou a importância de investimentos mais coletivos, assim como de uma transparência maior.

“É necessário assegurar as Rotas da Seda nos levem apenas para onde é necessário”, disse.

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“Em projetos de grande escala existe a tentação de tirar proveito das licitações públicas. Existe o risco de projetos que fracassam ou de desvio de fundos. Às vezes, isto é chamado inclusive de corrupção”, disse.

* AFP