A professora Elenir de Siqueira Fontão, 49 anos, assassinada a facadas nesta quarta-feira (19) pelo ex-namorado dentro da escola onde era diretora, no Campeche, em Florianópolis, já tinha denunciado o autor do crime à polícia por ameaças e agressão sofridas durante o relacionamento.
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O feminicídio aconteceu na tarde desta quarta. O autor, de 40 anos, foi preso em flagrante logo em seguida. O homem, que apresentava ferimentos, foi conduzido ao Hospital Celso Ramos, no Centro de Florianópolis, onde passou a noite.
Há pelo menos dois boletins de ocorrência registrados por Elenir contra o então namorado. No primeiro, em novembro de 2017, a professora procurou a delegacia da comarca de Palhoça, na Grande Florianópolis, para denunciá-lo após ter sofrido ameaças de morte. Ela relatou que havia sido ameaçada durante uma discussão na casa do autor.
No outro caso, em novembro de 2019, a vítima denunciou o então namorado na Delegacia de Proteção à Mulher, à Criança e ao Adolescente (Dpcami), também em Palhoça, novamente por ameaças, e dessa vez também por agressão. A violência teria ocorrido em um posto de combustíveis da cidade. Ela relatou ainda que o homem teria furtado o carro dela.
Segundo a delegada Daiana da Luz, da Dpcami de Palhoça, em ambos os casos os boletins de ocorrência não geraram investigações da polícia porque as denúncias foram tratadas como ameaças, pois a vítima não apresentava lesões. Nessas situações, a abertura de inquérito depende da representação da mulher, mas a professora preferiu não dar prosseguimento aos casos.
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A delegada Patrícia Zimmermann D'Ávila, coordenadora das Dpcamis em Santa Catarina, reforça a importância de que as vítimas representem contra os autores de ameaças para que os crimes possam ser investigados.
— A polícia só pode instaurar o inquérito por ameaça se a vítima representar, ou seja, dar a autorização legal para o Estado fazer a investigação. Por isso a importância de alertar sobre isso, para que as vítimas tenham consciência da necessidade de intervenção nesse momento. Uma ameaça pode, sim, terminar em feminicídio — comentou a delegada.
