Diretor regional da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos em SC, Paulo de Andrade nega irregularidades no envio de correspondências a pelo menos 2 mil funcionários pedindo votos para cinco candidatos, conforme divulgado pelo jornal O Globo nesta quarta-feira.

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Recebidos entre quinta-feira e sábado, os panfletos intitulados “Carta aos celetistas Eleições 2014” orientam os funcionários a votarem em candidatos do PT nos cinco pleitos disputados nestas eleições – presidente, senador, governador, deputado federal, deputado estadual.

As correspondências foram postadas na semana passada e afirmam que os ecetistas devem reafirmar o “compromisso com o modelo de governo Dilma 13, Vignatti 13, Milton 130, Décio Lima 1313 dep. federal e Ana Paula 13313 dep. estadual”. O panfleto traz fotos de 14 funcionários e diretores dos Correios, entre eles, Paulo de Andrade, filiado ao PT.

O diretor regional afirma que bancou apenas a impressão dos panfletos, e nega que a estrutura dos Correios tenham sido usadas para agilizar a correspondência.

Segundo Andrade, um grupo de cerca de 70 funcionários ecetistas que apoiam as candidaturas petistas, chamado Setorial de Logística, ligado ao PT, arcou com a produção do material. Andrade afirma ainda que os panfletos foram pagos e enviados aos funcionários regularmente.

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Confira a entrevista completa:

Diário Catarinense – Quem bancou a correspondência enviada aos funcionários?

Paulo de Andrade – O que eu paguei foi apenas a impressão na gráfica, que custou cerca de R$ 600. O restante foi produzido, pago e preparado para ser enviado por um grupo de cerca de 70 funcionários dos Correios que apoia as candidaturas petistas – tudo fora do horário de trabalho e das instalações dos Correios. Todo o processo seguiu os trâmites normais e inclusive tenho notas fiscais para provar isso.

DC – Por quê seu nome é citado no panfleto?

Andrade – Meu nome é citado justamente porque banquei a impressão. Pela legislação eleitoral, quem faz esta doação tem que aparecer descrito, até porque é contado no meu Imposto de Renda. Isso foi feito com orientação jurídica e é inclusive obrigatório para que se possa prestar contas à Justiça Eleitoral e à Receita Federal.

Chama a atenção porque eu sou o diretor, tanto que o panfleto tem fotos de 14 pessoas. Entretanto, antes de ser diretor regional dos Correios, sou um cidadão.

DC – Houve algum tipo de uso irregular da estrutura dos Correios no envio?

Andrade – Não houve irregularidade nenhuma, a denúncia se trata de uma questão política. Sou filiado ao PT, e nas minhas horas de folga, após o trabalho, como qualquer cidadão, tenho direito de me expressar e dar minha opinião.

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DC – Há panfletos que chegaram às casas dos funcionários em um ou dois dias.

Andrade – Existe uma lei [a Lei nº 4.737/65, artigo 239 do Código Eleitoral] que diz que toda correspondência eleitoral deve ser entregue, valendo desde 60 dias antes das eleições até as 22h do sábado que antecede as votações. Elas tem “prioridade sobre a prioridade”, inclusive sobre o Sedex.

Atendemos essa prioridade, e isso é bastante normal. Tanto que no sábado os Correios trabalharam de plantão, com equipes extra, para entregar todas as correspondências eleitorais no tempo determinado.

DC – Quem recebeu a carta? Foram todos os funcionários? De onde foram retirados os contatos deles?

Andrade – Não foi para todos. São cerca de 4,6 mil funcionários em SC e a carta foi enviada a 2 mil pessoas. Mandamos para os funcionários que conseguimos juntar as informações, que haviam se cadastrado em ocasiões anteriores ou nos repassado seus endereços.

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