A rede social que transformou a forma como os profissionais se apresentam ao mercado cresce de forma exponencial no Brasil. O número de usuários brasileiros com perfil no LinkedIn pulou de 6 milhões no final de 2011 para 13 milhões atualmente.

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São profissionais das mais variadas áreas de atuação. Para o diretor de vendas de soluções de talentos da empresa no Brasil, Milton Beck, é mais fácil identificar quem ainda não aderiu – os trabalhadores agrícolas e operários. Na semana passada, Beck esteve em Joinville para apresentar soluções corporativas a empresários da região e explicou, nesta entrevista exclusiva para o Negócios & Cia., o que acontece dentro da rede.

Negócios & Cia. – O que atrai as pessoas para o LinkedIn?

Milton Beck – Nossas pesquisas indicam que as pessoas estão lá principalmente para se apresentar, encontrar pessoas, serem encontradas e construir relações de negócios. Estas são as principais motivações.

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As pessoas querem aprender com a experiência dos outros. São mais de dois milhões de buscas de pessoas por ano. Procurar emprego aparece em oitavo lugar na lista de motivações. Dos 13 milhões de usuários no Brasil, 10,5 milhões não estão procurando emprego ativamente, enquanto 2,5 milhões, empregados ou não, procuram ativamente uma nova colocação.

N&C – Qual o perfil dos usuários?

Beck – A maioria tem o ensino médio para cima e ganha mais do que quatro salários mínimos. Normalmente, quem não está lá são trabalhadores agrícolas e operários. Mas ninguém é impedido de entrar no LinkedIn. O que acontece é que há pessoas que não sabem muito bem o que fazer lá dentro.

N&C – Quais são as ferramentas que os usuários mais utilizam?

Beck – A atividade número um é ver a homepage. Depois, se alguém mandou uma mensagem. A terceira é checar quem olhou seu perfil. As pessoas gostam de saber quem está interessado nelas. Significa que querem se conectar.

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N&C – Que conselhos você daria a quem deseja criar um perfil no LinkedIn?

Beck – O usuário tem que se portar como se estivesse em um relacionamento comercial. Os contatos que você tem no LinkedIn não são os mesmos de outras redes sociais, de entretenimento.Todas as nossas pesquisas mostram que os usuários gostam de separar a vida pessoal da vida profissional.

Sugerimos que foto, textos e mensagens sejam condizentes com um ambiente profissional. Faça uma descrição da carreira acadêmica e experiência profissional completa e anexe materiais multimídias, se forem relevantes, para mostrar o seu trabalho. Quem pensa em carreira internacional deve criar o mesmo perfil em duas línguas, português e inglês.

N&C – Quais os equívocos mais comuns cometidos na rede?

Beck – Uma coisa que as pessoas pensam de forma errada é que quanto mais conexões, melhor, mas ter mil conexões não é melhor do que ter 500. O objetivo não é esse, mas sim se conectar com as pessoas certas. Se estou conectado com uma determinada pessoa e alguém conectado comigo diz: “vi que você está conectado com o profisssional X, pode me apresentar?”, então eu posso fazer a intermediação.

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Agora, se eu aceito qualquer um, sem conhecê-lo, a conexão perde o sentido. Não aceite o convite de pessoas que você não conhece. E saiba que, independentemente de suas conexões, você já é visto. Os recrutadores e as empresas vão achar você na rede.

N&C – O que as empresas buscam no LinkedIn?

Beck – Elas querem se mostrar como boas empregadoras e contratar os melhores talentos do mercado para terem diferencial competitivo. Temos 50 mil empresas brasileiras no LinkedIn.

N&C – Que mudanças o LinkedIn trouxe para o processo de recrutamento das empresas?

Beck – Como as pessoas estão na rede se conectando, trocando informações e aprendendo, quando a empresa busca um profissional, não se limita a quem procura emprego. Também expande a busca para conseguir os melhores talentos. Antes, isso só existia com processos mais sofisticados e caros, envolvendo headhunter.

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Na rede, as empresas podem atingir profissionais que, mesmo empregados, aceitariam conversar a respeito de uma proposta diferente. Profissionais mais difíceis de achar porque não incluíram o nome em banco de dados de currículos e não estão atrás de vagas.

Há, ainda, ferramentas corporativas que dão visibilidade aos 238 milhões de usuários no mundo sem ter que se conectar com nenhum deles. Enxerga-se toda a rede. Se eu preciso localizar um engenheiro naval que tenha de cinco a dez anos de experiência, formação em X universidade e passado por empresa Y, por exemplo, faço a busca e a lista vai aparecer.

As empresas também descobriram que quem olha o perfil de seus funcionários normalmente são pessoas parecidas com os funcionários que elas têm e que eventualmente poderiam trabalhar lá.

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O perfil de um profissional do setor automotivo é visto por profissionais de outras empresas desse mesmo setor. Então as empresas colocam anúncios nos perfis de seus funcionários, em espaços públicos de propaganda.

Às vezes, um usuário do LinkedIn pode ver sua imagem no crachá de outra empresa com a frase: “Você já pensou em trabalhar aqui?”. A vontade de dar um clique é muito grande. Qual o motivo? Fazer com que pessoas que tenham a cara da empresa pelo menos olhem o que ela oferece. O anúncio é colocado nos perfis de todos os funcionários. A regra é: coloca em todos ou não coloca em nenhum.

N&C – Os CEOs também aderiram à rede?

Beck – Alguns anos atrás, os CEOs viam o LinkedIn como uma rede para procurar emprego e, portanto, não ficaria bem para eles ter um perfil lá. Até que descobriram que há milhares de CEOs na rede porque eles não estão lá para procurar emprego, querem se conectar profissionalmente e serem melhores em suas profissões. O LinkedIn é a maior rede profissional da internet e executivos de todas as empresas da Fortune 500 marcam sua presença na rede.

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N&C – Quais as próximas apostas do LinkedIn?

Beck – O LinkedIn está desenvolvendo interfaces específicas para universidades, com o objetivo de ajudar os estudantes do ensino médio a definirem a carreira com informações que mostram o que fazem e onde estão ex-alunos das instituições. O piloto está sendo feito com a Fundação Getúlio Vargas, mas se estenderá a várias universidades.