Paulo Pinheiro Machado tomou a frente das negociações com a Polícia Federal antes do confronto que ocorreu no bosque da Universidade Federal (UFSC) na última terça-feira. A atitude conciliadora não foi isolada. Dentro do Departamento de História, Machado é alguém que também busca equilibrar interesses dos demais professores e alunos quando há desacordo dentro do curso.

Continua depois da publicidade

::: Confira as notícias sobre a mobilização na UFSC

Apesar do traço de personalidade, Machado justifica sua atitude em buscar a negociação à sua responsabilidade como diretor do CFH. Garante não ter sido ofendido pessoalmente pelo delegado Cassiano e quer evitar o carácter de “duelo”. Para Machado, o importante da questão é ação da “descabida” da polícia e a situação da UFSC neste contexto.

Natural de Porto Alegre, 53 anos, formou-se em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e é professor da UFSC desde 1987. Possui pós-doutorado na Universidade Federal Fluminense (RJ) e na Universitat Autonoma de Barcelona, Espanha – ambos realizados em 2010. E o caráter mediador também colaborou para que se tornasse diretor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da UFSC.

Continua depois da publicidade

Como pesquisador se deteve ao tópicos da História do Brasil. Colonização, as primeiras décadas da República e também sobre as fronteiras agrícolas e movimentos como a Guerra do Contestado. Em sala de aula, segundo relatos de alunos do curso de História, Machado é muito respeitoso e claro na hora de transmitir as informações. Gosta de usar todo o quadro e separa os assuntos por tópicos para então desenvolver cada um deles.

Entre alunos e colegas de universidade é consenso que Machado é um pessoa educada e tranquila, mas muito categórico em seus posicionamentos de opinião e informação. Quando uma reunião do Conselho do CFH foi invadida por alunos, ele novamente buscou uma solução que pudesse atender todas as partes. Desde 2006 é paraninfo, patrono, nome de turma ou homenageado nas formaturas do curso de História da UFSC.

Torcedor do Internacional de Porto Alegre, aproveitou a conquista do título da Libertadores de 2010 e vestiu a camisa do clube dentro do curso de História. A julgar pelas páginas de times que curtiu no Facebook, simpatiza com o Figueirense em Santa Catarina. Também curtiu o time de futsal do Barcelona e a fanpage da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). No perfil da rede social, Machado recebeu diversas postagens de apoio ao seu posicionamento em busca de um acordo com a polícia. Mas ele fez apenas duas postagens: uma deu a sua versão dos fatos e outra publicou um vídeo. Ambas receberam diversas curtidas e compartilhamentos.

Continua depois da publicidade

Na sua página dentro do site da UFSC publicou, no dia 5 de dezembro de 2013, uma carta em “de repúdio às manifestações e ações anti-indígenas de SC”. No texto, ele diz que a imprensa deve veicular de forma correta as informações sobre o assunto e defende a homologação dos territórios indígenas no Estado. Também defende a construção de túneis no Morro dos Cavalos, em Palhoça, que “desintrusará a terra indígena, evitará congestionamentos da BR, e os frequentes acidentes e mortes.” Na mesma página, Machado também apresenta diversos simpósios sobre a Guerra do Contestado, sua especialização histórica.

Do café do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC, gosta de expresso sem açúcar. Quando o CFH promoveu o plantio de diversas mudas na região do bosque, Machado fez questão de trazer a própria muda de casa: um pé de abacateiro que ele mesmo plantou.