Com a inflação no assustador limiar dos 7%, é importante recordar que nos últimos 50 anos o Brasil experimentou praticamente de tudo em matéria de situações institucionais e econômicas. Mas foi graças ao Plano Real, implantado em julho de 1994, quando a inflação anual encontrava-se ao redor de 5.150% e o país andava mergulhado na pior crise de pessimismo e autoestima de toda a sua história, que se eliminou a hiperinflação que há três décadas assolava a sua economia.

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O Brasil teve um crescimento de tal ordem, nestas duas décadas passadas, que é inegável o papel fundamental do real nesse processo, principalmente pela abertura que proporcionou à economia. Para que se tenha uma noção mais exata dos excelentes resultados, basta lembrar a estabilização dos preços a partir de 1994, ano em que se consolidou a mais significativa recuperação do poder de compra desde a década de 50. De $ 99,54 em fevereiro de 1994, por exemplo, o salário mínimo passou para algo em torno de $ 323,21 em 2014. Quando falo que é preciso ousar estou dizendo que urgem ajustamentos governamentais com vistas à eliminação dos principais entraves que impedem a economia brasileira de crescer a taxas satisfatórias, no longo prazo.

O fato é que, duas décadas após o seu lançamento, o Plano Real – ainda é considerado uma obra inacabada, com tropeços que podem vir a criar sérias e crescentes dificuldades para esta trajetória de crescimento sustentado. Isso porque foram paralisadas as reformas estruturais, mantendo e agravando enormes distorções na área tributária e na previdência pública (o sistema tributário brasileiro é um dos mais complicados e ineficientes do mundo). O Plano Real terá que ser seguido à risca.

O atual galope inflacionário deixa claro que, sem as reformas pretendidas, o país expõe-se a cair numa situação angustiante, da qual, para sair, teria de pagar preço demasiado oneroso.

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