Jason Reitman já abordou os dilemas da juventude atual em Juno (2007) e as contradições de quem insiste em viver como adolescente em Jovens Adultos (2011) – ambos a partir de roteiros da escritora Diablo Cody.
Continua depois da publicidade
Agora, com Homens, Mulheres & Filhos (2014), o cineasta colocou lado a lado jovens e adultos, acompanhando o dia a dia de um punhado de famílias de uma típica comunidade norte-americana. Como uma fábula contemporânea, o filme em cartaz nos cinemas expõe os variados reflexos desse espelhamento mútuo entre pais e filhos – mediado pela onipresença da internet e do mundo virtual no cotidiano de todos.
Baseado em um romance do escritor Chad Kultgen, Homens, Mulheres & Filhos aborda o impacto das redes sociais nos relacionamentos, na comunicação, na autoimagem e na vida amorosa dos personagens – cujo elo é a escola de ensino médio de uma cidadezinha texana onde os garotos estudam.
Leia as últimas notícias de Entretenimento
Continua depois da publicidade
O grupo heterogêneo de pais inclui um casal que busca reacender sua vida sexual marcando encontros com desconhecidos pelo computador, sem que um saiba o que outro está fazendo – dupla interpretada por Adam Sandler e Rosemarie DeWitt -, uma mãe perua (Judy Greer) que mantém um site com fotos insinuantes da ambiciosa filha (Olivia Crocicchia) e uma mãe superprotetora (Jennifer Garner) que monitora obsessivamente os passos na internet da tímida filha (Kaitlyn Dever).
Já entre os adolescentes, há desde a menina obcecada em não engordar (Elena Kampouris) até o jovem astro do time de futebol americano do colégio, que abandona o esporte por conta de angústias existenciais – vivido por Ansel Elgort, o galã teen de A Culpa É das Estrelas (2014).
Homens, Mulheres & Filhos é ambicioso ao tentar abordar temas como a cultura dos videogames, a anorexia, a infidelidade, a busca pela fama e a proliferação de material ilícito nas redes. Apresenta com inteligência e fina ironia esses assuntos ao espectador, auxiliado pela montagem de Dana E. Glauberman e pela heterogeneidade do bom elenco.
Continua depois da publicidade
Logo, porém, o longa resvala para um tom judicativo e condescendente, destoante da acidez do início – que aproximava a produção de Reitman das impiedosas radiografias da sociedade americana registradas pelo cineasta Todd Solondz em títulos como Felicidade (1998) e Histórias Proibidas (2001).
Não contribui também a narração de Emma Thompson, cujos comentários em off a respeito das cenas e dos personagens soam meramente reiterativos do que é visto, parecendo às vezes uma tentativa artificial de conferir gravidade ao enredo – como se quisesse aproximar à força Homens, Mulheres & Filhos de um drama como Magnólia (1999), de Paul Thomas Anderson.
Homens, Mulheres & Filhos
De Jason Reitman
Comédia dramática, EUA, 2014, 119min.
Em cartaz nos cinemas.
Cotação: bom.