Apontado como o principal responsável pela coordenação do grupo de policiais civis que investiga o Primeiro Grupo Catarinense (PGC), o delegado Akira Sato, diretor da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), afirma que ainda há muito a fazer para aniquiliar a facção.
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Nesta entrevista, concedida ao DC na tarde de segunda-feira, na Deic, em Florianópolis, o diretor revela detalhes da investigação e o envolvimento de alguns dos presos, como os advogados e o traficante Rodrigo de Oliveira, o Rodrigo da Pedra, do Morro do Horácio. Confira os principais trechos a seguir:
Diário Catarinense – O que a polícia apurou contra esses advogados que foram presos?
Akira Sato – Inicialmente tem respeito ao leva e traz do serviço de pombo-correio que eles vinham fazendo, introduzindo cartões micro SD (de memória), estarem trazendo essas informações para fora do presídio, das penitenciárias, informações essas que iam parar na mão dos executores.
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DC – Mas os advogados tinham noção do conteúdo dessas informações?
Akira – Acredito que tenham conhecimento sim.
DC – E esses fatos seriam os atentados?
Akira – Também, não só. Alguns chips que foram analisados falam de recados para os próprios familiares. A gente tem dentro do inquérito justamente isso, transcrições desses chips apreendidos, desses cartões micro SD que foram apreendidos, que mostram as transcrições dos vídeos. Então contém a questão dos ataques, do tráfico de drogas, falando como tem que ser toda a dinâmica do tráfico, crack, maconha, cocaína.
DC – Mas esses advogados também vão ser indiciados por tráfico?
Akira – Não, por enquanto não. Estão só com a temporária de 30 dias em um inquérito de tráfico de drogas.
DC – Para todos eles há fortes indícios?
Akira – Tem sim.
DC – O governador afirmou que leu o relatório e se disse abismado com o conteúdo. Eles falavam claramente de crimes?
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Akira – Claramente. Até por questão de indícios suficientes, está bem nítido que tinham conhecimento do conteúdo e do que estavam fazendo.
DC – E a motivação do suposto envolvimento desses advogados com a quadrilha? Era questão financeira?
Akira – Também, a questão financeira, de estar envolvido nesse contexto, angariando uma gama de clientes, de presos para trabalhar, uma empresa, uma firma, tudo isso aí.
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DC – Em relação ao Rodrigo da Pedra, o que há contra ele?
Akira – Tráfico de drogas principalmente. Também está envolvido nos atentados. É totalmente ativo dentro dessa situação. Ele e a esposa dele (que está foragida). O inquérito apura formação de quadrilha, tráfico de drogas, corrupção de menores, incêndio, dano ao patrimônio público entre outros crimes.
DC – Além da mulher dele há mais familiares envolvidos?
Akira – Tem a mãe e irmão dela. Claro que nem por todos os crimes podem ser indiciados, mas parcialmente um ou outro vão responder.
DC – A polícia conseguiu chegar a verdadeira causa desses atentados em SC?
Akira – Está chegando. Tem muita coisa para fazer. Há mais pessoas para serem presas.
DC – A comunicação da cadeia era basicamente por chips?
Akira – Dentro dessas penitenciárias e presídios que não tinham comunicação era basicamente por chips, através de familiares durante visitas íntimas ou através de alguns poucos advogados.
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DC – A polícia conseguiu ou não aniquilar o PGC?
Akira – Não, tem muita coisa para fazer ainda. Uma coisa importante é que se os ataques aumentarem ou diminuírem pode ter certeza que é tudo consequência de uma ação do Estado e não de omissão.