O ultraviolento filme Pietá, do diretor sul-coreano Kim Ki-Duk, ganhou no sábado o Leão de Ouro de melhor filme na 69ª edição do Festival de Cinema de Veneza. O filme narra a brutal história de um cobrador de dívidas que aleija os que não podem pagá-lo, até conhecer uma mulher que alega ser sua mãe. Quebrando o protocolo dos discursos habituais ao receber o prêmio, Kim agradeceu ao júri e ao público do festival entoando uma breve canção em coreano, enquanto os presentes ouviram em arrebatado silêncio.
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O Leão de Prata de melhor diretor foi entregue ao americano Paul Thomas Anderson, por The Master, filme inspirado na vida do fundador da Cientologia, L. Ron Hubbard. Os astros do filme, Joaquin Phoenix e Philip Seymour Hoffman, dividiram o prêmio de melhor ator. No filme de Anderson, Hoffman interpreta o carismático líder religioso, que se torna amigo de um veterano da II Guerra Mundial que luta contra o alcoolismo e não consegue encontrar emprego ou um propósito para sua vida (interpretado por Phoenix).
Hoffman recebeu ambos os prêmios em nome do diretor e de seu colega de elenco, que viajaram de Veneza para Toronto para promover o filme. Hoffman pediu desculpas por receber o troféu desalinhado, e explicou que havia ido direto do aeroporto para a cerimônia de premiação, motivo pelo qual trocou de roupa em um banheiro.
– Portanto, não me julgue – declarou, brincando.
Hoffman ainda elogiou Phoenix como “uma força vital” e chamou o diretor Anderson, com quem já trabalhou em Magnólia (1999) e Boogie Nights (1997), de um de seus “melhores amigos”.
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O prêmio de melhor atriz foi concedido à israelense Hadas Yaron por sua atuação em Fill the Void (“preencher o vazio”, em tradução livre) de Rama Burshtein. O filme, ambientado em uma comunidade hassídica de Tel Aviv, conta a história de Shira, uma mulher de 18 anos, interpretada por Hadas, que enfrenta o dilema de casar-se ou não com o viúvo de sua amada irmã, morta durante o parto.
Paradise: Faith (“Paraíso: Fé”), do diretor austríaco Ulrich Seidl, levou o Prêmio Especial do Júri. O filme é a segunda parte de uma trilogia sobre três mulheres da mesma família, cada uma em uma busca distinta. É estrelado por Maria Hofstaetter, no papel de uma mulher solteira que dedica suas férias ao trabalho missionário. A produção provocou polêmica nos meios de comunicação italianos devido a uma cena em que a personagem de Hofstaetter simula fazer sexo com um crucifixo. Ao receber o prêmio, o diretor falou brevemente sobre a polêmica:
– Eu não sou blasfemo – disse.